Bolsonaro seria outro se enxergasse que admissão do erro pode ser um acerto
Jair Bolsonaro parece decidido a comprovar que entre o certo e o errado há sempre espaço para novos erros. Sua ideia de indicar o filho Eduardo Bolsonaro para o posto de embaixador do Brasil em Washington foi criticada por aliados e adversários. Mas o capitão se recusa a dar o braço a torcer. Afeiçoou-se ao erro, defendendo-o com tenacidade.
Nesta segunda-feira, numa sessão solene na Câmara, o presidente reforçou o apreço pelo erro. Atribuiu as críticas à mídia, tomando-as como sinal do seu acerto. "Por vezes, temos tomado decisões que não agradam a todos. Como a possibilidade de indicar para a embaixada dos Estados Unidos um filho meu, tão criticado pela mídia. Se está sendo criticado, é sinal de que é a pessoa adequada."
A Presidência isenta de críticas é o sonho de todo político. A última pessoa que passou pelo Planalto ignorando as opiniões alheias foi Dilma Rousseff. Deu no que deu. Quem acompanhou a resistência da madame a qualquer coisa que se parecesse com uma autocrítica tem a impressão de estar assistindo a um filme repetido. O blá-blá-blá é o mesmo: Estou certo, o mumdo está errado.
Tecnicamente, o envio do Zero Três para Washington seria, sim, inadequado. Politicamente, a escolha é insustentável.
Em termos técnicos, a seleção de embaixadores é regida pela lei 11.440, de 2006. Prevê que os escolhidos devem ser ministros de primeira ou de segunda classe do Itamaraty. Excepcionalmente, admite escolhas fora da carreira quando o preferido for brasileiro com mais de 35 anos, com "reconhecido mérito e relevantes serviços prestados ao país".
Eduardo Bolsonaro atingiu a idade mínima faz cinco dias. Ainda não colecionou méritos dignos de reconhecimento. Tampouco levou à vitrine feitos qualificáveis como relevantes.
Do ponto de vista político, se seu pai não fosse o presidente da República, Eduardo Bolsonaro jamais teria o nome cogitado para comandar a principal embaixada do país.
Há na audácia com que Bolsonaro persiste no erro uma suposição de que a plateia é 100% feita de bobos. O capitão seria outra pessoa se conseguisse enxergar que a admissão de um erro pode ser um grande acerto.
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