'Abuso de autoridade' une os sujos e mal lavados
Armou-se em Brasília uma grande encenação para aprovar na Câmara o projeto de lei sobre abuso de autoridade. O PSL de Jair Bolsonaro se juntou ao pedaço bandalho do Legislativo —incluindo PT e centrão— para colocar em pé uma lei que intimida investigadores, procuradores e juízes.
Em duas semanas, o presidente da República terá de informar ao país se vai sancionar ou vetar essa reação da oligarquia política à Lava Jato. Dependendo da decisão que vier a tomar, Bolsonaro pode definir o futuro de Sergio Moro no governo. A eventual sanção da proposta condenaria o ex-juiz da Lava Jato a pedir o boné. Sob pena de se desmoralizar um pouco mais.
Há no palco um inusitado encontro entre sujos e mal lavados. Sob investigação, Flávio Bolsonaro se diz "perseguido" pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Repete um lero-lero típico do PT e de outros encrencados. Os interesses desses pseudo-perseguidos se juntaram no escurinho do voto simbólico. Coisa combinada com Rodrigo Maia, presidente da Câmara, para evitar a exposição do rosto dos partidários da desfaçatez no painel eletrônico da Câmara.
Um forte cheiro de queimado exala do palco. Apesar da fumaça, pouca gente se anima a gritar incêndio dentro do teatro. Por ora, só o Partido Novo, que tem uma bancada de escassos oito deputados. Mas a coisa é tão escancarada que é inevitável gritar teatro dentro do incêndio.
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