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Josias de Souza

Governadores levaram alguma lógica ao Planalto

Josias de Souza

27/08/2019 20h21

Dois governadores amazônicos injetaram alguma lógica numa reunião que Jair Bolsonaro conduziu de forma ilógica —um à direita, outro à esquerda: Helder Barbalho (MDB), do Pará, e Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão.

Barbalho disse que o governo perde muito tempo com o presidente francês Emmanoel Macron. E deixa de se concentrar no que realmente importa: os problemas reais do Brasil. Realçou a necessidade de restaurar a diplomacia ambiental, para evitar prejuízos ao agronegócio brasileiro.

Dino recomendou "moderação". Fez isso sem cometer a descortesia de citar Bolsonaro. Declarou que as balizas para a resolução da crise podem ser encontradas na Constituição. O texto constitucional assegura a soberania brasileira sobre a Amazônia, o direito dos índios às suas terras e o dever do Estado de preservar o meio ambiente, sem prejuízo do desenvolvimento econômico sustentável.

De resto, todos os governadores presentes defenderam o óbvio: o governo deve aceitar a oferta de ajuda financeira do G-7. Bolsonaro declarou aos visitantes que "a questão amazônica tem que ser tratada com racionalidade". Faltou definir racional. Eis que, de repente, quando parecia que a lógica dos governadores perdera-se no caos, o Planalto insinuou que Bolsonaro desistiu de condicionar o recebimento da doação do G7 a um pedido de desculpas de Macron. Será? A ver.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.