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Josias de Souza

Maia passa de defensor a matéria-prima de Dodge

Josias de Souza

27/08/2019 05h54

Rodrigo Maia, o presidente da Câmara, é um dos mais ferrenhos defensores da recondução de Raquel Dodge ao cargo de procuradora-geral da República. Não conseguiu seduzir Jair Bolsonaro. E ainda virou matéria-prima para a chefe do Ministério Público Federal. Dodge foi instada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, a decidir se oferecerá ou não denúncia contra Maia, acusado de receber da Odebrecht verbas de má origem.

Relatório enviado ao Supremo pela Polícia Federal concluiu que o presidente da Câmara e seu pai, o vereador do Rio de Janeiro Cesar Maia, praticaram os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa três. Os investigadores sustentam que a dupla recebeu por baixo da mesa R$ 1,6 milhão nas eleições de 2008, 2010 e 2014. Identificado nas planilhas da Odebrecht como "Botafogo", Maia nega as acusações.

O processo foi enviado a Dodge na última sexta-feira (23). Fachin deu um prazo de 15 dias para que ela se manifeste. Como o mandato da procuradora-geral termina em 18 de setembro, só haveria uma forma de transferir a incumbência para o eventual sucessor: requisitando diligências complementares. Algo que desagradaria Fachin, incomodado com a longevidade do processo.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.