Capitão trata a PGR como apêndice do Planalto
Jair Bolsonaro confunde as estações ao falar sobre a escolha do sucessor de Raquel Dodge. Ele diz que o procurador-geral da República é o segundo posto mais importante do governo federal.
Pela Constituição, embora o presidente tenha a prerrogativa de indicar o seu chefe, o Ministério Público Federal não é um apêndice do Poder Executivo. Dispõe de independência funcional. E o escolhido do presidente precisa ser referendado pelo Senado.
Bolsonaro não ignora as regras. Assim, é preciso compreender o real sentido de suas palavras. Num país em que a corrupção tornou-se endêmica e dois presidentes já sofreram impeachment, é natural que o inquilino do Planalto preste atenção redobrada à escolha do procurador-geral.
O problema é saber quais são as motivações da inquietação. Se Bolsonaro ainda tivesse algum apreço pela coerência, indicaria um procurador de mostruário, implacável com a corrupção. Mas não parece ser esse o objetivo.
Enigmático, o presidente disse encarar a escolha do futuro chefe da Procuradoria como um jogo de xadrez. Ele seria o rei. O procurador-geral, a rainha. A coisa é muito sofisticada, mas, a julgar pelos movimentos, Bolsonaro parece querer impor ao Ministério Público uma regra que, no jogo de xadrez, favorece os jogadores que, como ele, se sentem ameaçados.
Consiste no seguinte: no final de uma partida, se um jogador só pode mexer o rei e, embora não esteja em xeque, qualquer movimento que faça o conduz à morte, o jogo acaba empatado.
Se não pode ter uma Procuradoria que realize o sonho do incômodo zero, o capitão tenta providenciar um procurador-geral do empate. Alguém que, pelo menos, não realize os seus pesadelos.
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