Ao antecipar 2022, Bolsonaro acerta o próprio pé
O PIB continua no chão? Há mais de 12 milhões de desempregados no país? O Tesouro Nacional foi à breca? Dane-se! Jair Bolsonaro só pensa naquilo: a reeleição.
No momento, o capitão concentra-se na demolição de potenciais adversários no centro e à direita. Ataca João Doria e Luciano Huck. Vira Sergio Moro, já bem passado, na frigideira. Sonha com uma disputa que reproduza o cenário polarizado de 2018, de preferência com um petista no córner adversário.
O flerte de Bolsonaro com a reeleição não é apenas um erro. É uma temeridade. Na recentíssima campanha eleitoral, o recandidato havia jurado que não disputaria um segundo mandato. Dissera que a reeleição tem sido "péssima" para o país, pois os governantes "se endividam, fazem barbaridade, dão cambalhota" para se reeleger.
De repente, Bolsonaro desistiu de pegar em lanças por uma reforma política que acabe com a "barbaridade". Pior: apaixona-se pela irresponsabilidade fiscal. Aponta a "ejaculação precoce" de Doria enquanto engrena uma campanha antes de descer do palanque da disputa anterior.
Em condições normais, seria apenas constrangedor assistir a um presidente que acabou de se eleger com a promessa de ser o coveiro de velhos hábitos políticos comprometendo o seu governo com uma disputa pelo Poder que, além de prematura, pode ser paralisante. Quando isso ocorre nos primeiros meses de uma Presidência precária, o constrangimento evolui para a insanidade.
Se em 2022 Bolsonaro tiver realizações para expor na vitrine e boa aprovação popular, haverá gente na rua pedindo a sua permanência. Resta saber quando pretende parar de atirar contra o próprio pé. Político que não ambiciona o poder vira alvo. Mas político que só ambiciona o poder erra o alvo. Hoje, a única ambição que Bolsonaro deveria acalentar é ambição de trabalhar.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.