Ataque do capitão a Bachelet apequena o Brasil
É falsa a impressão de que Jair Bolsonaro leva o seu governo para a direita quando ataca críticos e adversários. Na verdade, ele puxa o governo para baixo. E leva o Brasil junto. Mal comparando, o que Bolsonaro disse sobre a ex-presidente chilena Michelle Bachelet e o pai dela, o general Alberto Bachelet, é a repetição em escala internacional de uma vergonha doméstica.
O presidente repetiu com Bachelet o vexame que impôs aos brasileiros que deveria representar ao atacar o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, desqualificando a biografia do pai do seu alvo, Fernando Santa Cruz, desaparecido durante a ditadura militar. Ex-presidente do Chile, Bachelet ocupa no momento o posto de Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos. Merece respeito.
Numa entrevista, Bachelet foi instada a falar sobre o Brasil. E disse coisas que não chegaram bem nos ouvidos de Bolsonaro. Disse que houve uma redução do espaço democrático no Brasil, que aumentaram os ataques contra defensores dos direitos humanos, que há problemas ambientais e cresceu a violência policial, especialmente no Rio.
Como presidente, Bolsonaro teria todo o direito de responder às críticas. O que ele fez? Escreveu no Twitter: "Se não fosse o pessoal do [Augusto] Pinochet derrotar a esquerda em 1973, entre eles o seu pai [de Bachelet], hoje o Chile seria uma Cuba".
Em uma frase, o presidente cometeu três atrocidades: defendeu o Pinochet, algo que até a direita chilena hesita em fazer, sapateou sobre a memória de Bachelet e tripudiou sobre a biografia do pai dela, morto sob tortura.
Bolsonaro revelou-se capaz de tudo, memos de demonstrar que há uma noção qualquer de compostura por trás da faixa presidencial que ele vestiu em janeiro. Ele não rebaixou apenas a sua própria figura, apequenou o Brasil.
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