Bolsonaro notou que a desfaçatez tem um custo
Com um pedido de perdão aos amantes do cinema, este texto traz uma analogia entre o vetos à lei de abuso de autoridade e um clássico do cinema. Nem Ingrid Bergman nem Humphrey Bogart jamais disseram "toque outra vez, Sam". Mas isso não impediu que a frase se transformasse na mais famosa do filme Casablanca.
Do mesmo modo, Jair Bolsonaro não apareceu em cena dizendo "Deixa comigo, centrão", o que não impediu que o flerte do capitão com a ala dos culpados e dos cúmplices do Congresso se convertesse numa das imagens mais marcantes do enredo encenado em Brasília nas últimas semanas.
Inicialmente, Bolsonaro não garantia vetar senão o artigo que proibiu policiais de algemar presos. De repente, admitiu acolher sugestões de veto feitas por Sergio Moro. Não falava em quantidade. Subitamente, a quantidade de vetos foi aumentando na proporção direta da aproximação do vencimento do prazo para decisão do presidente.
Num dia, Bolsonaro disse que acolheria nove pedidos de Moro. Noutro, assegurou que acataria todos os dez vetos propostos pelo ministro da Justiça. Passadas mais 24 horas, o cesto de vetos saltou para "quase 20". Nesta quinta, um salto: 36 vetos. Finalmente, vetaram-se 19 dispositivos da lei. Bolsonaro diz que segue orientações do seu centrão, um bloco de ministros que inclui o ex-juiz da Lava Jato. Quem quiser que acredite.
Em verdade, o presidente evoluiu em cena com a orelha encostada no asfalto e os olhos grudados nas redes sociais. Notou que o passeio pelo lado obscuro da política pode sair caro. A desfaçatez tem um custo. Para que o capitão se reconcilie com seu discurso, falta tomar distância do filho 01, reacender as luzes do ex-Coaf e abandonar o papel de estorvo da PF e do Fisco.
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