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Josias de Souza

Popularidade de sub-Moro transtorna Bolsonaro

Josias de Souza

05/09/2019 22h34

Sergio moro vive um inusitado paradoxo: Popularíssimo na sociedade, ele se tornou um ministro impopular no gabinete do presidente da República, cujo prestígio declina. Segundo o Datafolha, a taxa de aprovação de Moro é 25 pontos maior do que a de Jair Bolsonaro: 54% a 29%. O atrito de Bolsonaro com Moro se deve a dois sentimentos nocivos: a inveja e o medo.

Os governos costumam ter um excesso de cabeças e carência de miolos. O governo de Bolsonaro sofre do mesmo mal, só que opera com uma cabeça só. Bolsonaro é o tipo de político que segue a teoria da palmeira única. Não convive muito bem com a ideia de dividir o gramado com outra palmeira, sobretudo se essa outra árvore tem quase o dobro do seu prestígio.

Da inveja para o medo é um pulinho. O presidente passou a enxergar o ex-juiz da Lava Jato como um potencial rival na sucessão de 2022. Corre o risco de transformar a neurose em realidade. Até outro dia, o sonho de Sergio Moro era fazer um bom trabalho no ministério e ganhar uma poltrona no Supremo Tribunal Federal. Empurrado para escanteio, nada impede que passe a enxergar na política sua melhor alternativa.

A mesma pesquisa que exibe a musculatura de Sergio Moro informa que os ministros Paulo Guedes, com 38% de aprovação; e Tarcísio de Freitas, com 36%, também colecionam índices de popularidade acima dos 29% atribuídos a Bolsonaro.

No momento, além de ser um sub-Moro, o presidente está empatado com o ministro das queimadas, Ricardo Salles (aprovação de 30%), e o ministro do marxismo cultural, Abraham Weintraub (29%). Bolsonaro talvez fizesse um bem a si mesmo se esquecesse 2022 para se concentrar no essencial no presente: a recuperação da economia.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.