Mortes caem do inacreditável para o inaceitável
A notícia de que o número de assassinatos no Brasil caiu pela primeira vez em três anos é animadora e frustrante. A novidade anima porque o monturo de corpos executados com violência caiu 10,4%. A estatística frustra porque desceram à cova em 2018 nada menos que 57.341 vítimas. Significa dizer que evoluímos do inacreditável —mais de 64 mil mortes violentas em 2017— para o inaceitável patamar atual.
O mais inquietante é que ainda não há conclusões categóricas sobre as causas da redução. O que há, por ora, são hipóteses. Atribui-se uma parte do êxito a governos estaduais que desenvolveram políticas voltadas especificamente para a queda das mortes violentas. Mencionam-se, por exemplo, Espírito Santo e Pernambuco.
Imagina-se que parte do índice murchou também por inércia. As duas maiores facções criminosas do país —PCC e Comando Vermelho— entraram em guerra em 2016. Disputaram território no Norte e Nordeste. O sangue escorreu com mais intensidade em 2017, inflando o índice de mortes violentas. Em 2018, a anormalidade tornou-se menos anormal.
Os dados colecionados pelo Ministério da Justiça indicam que a tendência de queda se mantém neste ano de 2019. A equipe do ministro Sergio Moro mergulha nas estatísticas à procura de luz. O momento seria propício para a produção de uma realidade inteiramente nova. Caos não falta. O problema é que Jair Bolsonaro, eleito como solução por mais de 57 milhões de brasileiros, tornou-se parte do problema ao conspirar contra a estabilidade do ministro que escolheu e dar de ombros para o pacote anticrime que Sergio Moro imaginava que aprovaria em seis meses.
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