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Josias de Souza

Witsel faz um tipo inusitado de autocrítica: a favor

Josias de Souza

23/09/2019 18h43

Com quase 72 horas de atraso, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, decidiu mover os lábios para comentar a execução de Ágatha Félix, a menina de oito anos que foi morta por um tiro de fuzil quando estava com sua mãe numa Kombi, durante ação policial no Complexo do Alemão. Acompanhado da cúpula do setor de segurança do seu governo, Witzel produziu um tipo inusitado de autocrítica. Fez uma autocrítica a favor. Em nenhum momento esboçou qualquer tipo de dúvida quanto à política de segurança baseada na tática do "tiro na cabecinha".

O governador embargou a voz ao recordar que tem uma filha de nove anos em casa. Disse que não é um "desalmado". Mas misturou a sensibilidade de pai ao pragmatismo de chefe de governo. A certa altura, comparou a execução da menina a um aciedente de carro. Disse: "Não é porque temos um ato terrível como esse que vamos parar o Estado. Não podemos, porque tem um acidente de carro na rua, tirar todos os carros da rua." Para Witzel, a execução de Ágatha não tem relação com a política de segurança pública do Rio. (veja o comentário abaixo)

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.