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Josias de Souza

Ironia e absurdo marcam o cotidiano do Senado

Josias de Souza

25/09/2019 18h51

A situação do Senado está crivada de ironias e absurdos. Num instante em que o país tenta sair do abismo, o adiamento da votação de uma já tão decantada reforma da Previdência é impensável. A presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, no topo da articulação que provocou o adiamento torna a encrenca intolerável.

Quando se verifica que a protelação decorre de uma reação corporativa contra o avanço de investigações que envolvem um senador acusado de corrupção, a coisa ganha ares de inacreditável. O caso se torna inaceitável quando se constata que o senador encrencado, Fernando Bezerra, é líder de Jair Bolsonaro, o presidente que supostamente deseja ver aprovada a reforma previdenciária.

O impensável, o intolerável, o inacreditável e o inaceitável viram piada quando se recorda que a corrupção que está sob investigação foi praticada na época em que o líder de Bolsonaro era ministro do governo de Dilma Rousseff. E o presidente do "novo Brasil" declara que, por ora, não cogita destituir da liderança do seu governo o investigado vinculado à velha administração. Alega que precisa de "algo mais concreto" sobre o que o personagem fez no verão passado. A esse ponto chegamos.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.