Governo sofre para se reposicionar no Senado
Em política, quase tudo é permitido, menos deixar-se surpreender. Depois de derrubar todas as emendas ao texto principal da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça, o governo foi ao plenário do Senado com a guarda baixa. E levou, na última hora, uma paulada. Aprovou-se emenda que subtraiu da reforma R$ 86 bilhões, elevando para R$ 133 bilhões a soma do que foi perdido em relação ao que a Câmara aprovara.
Nesse contexto, o secretário de Previdência da pasta da Economia, Rogério Marinho, regula o verbo ao comentar a redução da verba. Declara que o governo gostaria de ter obtido uma cifra "maior" no Senado. Mas realça que é preciso "comemorar o resultado": uma economia de R$ 800 bilhões em dez anos.
Ex-deputado, tarimbado nas mumunhas do Legislativo, o que Marinho declara, com outras palavras, é mais ou menos o seguinte: Nada de mau acontece para o governo no Congresso que não seja esplêndido diante do que ainda pode acontecer. Vem aí a votação em segundo turno. Convém evitar novos descuidos.
O ministro Paulo Guedes (Economia), que não tem filtro político, reagiu muito mal. Falou em compensar cada bilhão perdido. Insinuou a possibilidade de rever a negociação sobre pacto federativo e a participação de estados e municípios na partilha do megaleilão de petróleo marcado para o início de novembro. Negócio de R$ 106 bilhões.
Se telefonar para Bolsonaro, Guedes talvez ouça uma ordem. Algo assim: "Paulo, baixa a bola aí, tá Ok? Ainda preciso aprovar no Senado a indicação do meu filho Eduardo para a nossa embaixada em Washington. Meu amor pela banda negociante do Senado não veio à primeira vista. É um relacionamento construído a prazo, em prestações nem sempre muito suaves. Não adianta você cutucar, Paulo. Esses profissionais do Congresso, especialmente os do Senado, não ficam com raiva. Eles ficam com tudo."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.