Trump dá a Bolsonaro tratamento de sub-Macri
Jair Bolsonaro descobre da pior maneira que, em diplomacia, a substituição do pragmatismo pelo amor pode ser o caminho mais curto para a frustração. Contrariando as expectativas do Planalto, a Casa Branca não apoiou a proposta do Brasil de ingressar na OCDE, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Em carta à entidade, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, avalizou apenas as candidaturas de Romênia e Argentina. Quer dizer: Bolsonaro recebeu da administração do seu ídolo Donald Trump um tratamento de sub-Mauricio Macri.
Os pedidos argentino e romeno foram formalizados antes da solicitação brasileira. Entretanto, Mike Pompeo teve a oportunidade de incluir o apoio ao Brasil na carta que endereçou em 28 de agosto ao secretário-geral da OCDE, Angel Gurria. Limitou-se a anotar que "os Estados Unidos continuam preferindo a ampliação [do clube dos países ricos] num ritmo contido, que leve em conta a necessidade de pressionar por planos de governança e sucessão".
No gogó, continua valendo o compromisso assumido por Trump em março, durante visita de Bolsonaro à Casa Branca, de apoiar o ingresso do Brasil na OCDE. Na prática, não há prazo para o resgate da promessa. Enquanto o golpe de garganta não vira atitude, o apoio americano é tratado no mundo diplomático como uma espécie de conto do vigário no qual Bolsonaro caiu. Depois de trocar o antiamericanismo primário do PT por um pró-americanismo inocente, o capitão precisa cuidar para que o mito periférico não seja ludibriado pelo mito da potência.
Bolsonaro entregou o que podia a Trump —da Base de Alcântara à liberação da catraca do Brasil para os turistas americanos. Há dois meses, ao anunciar que a Casa Branca dera sinal verde à indicação do filho Zero Três para a embaixada brasileira em Washington, Bolsonaro jactou-se de uma peculiaridade: "Teve um linguajar pessoal no documento que eu recebi", declarou. Referia-se a um bilhete escrito por Trump de próprio punho. "É pessoal", festejou, sem se dar conta de que, em política externa, amar não é coisa para amadores.
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