Briga Bolsonaro X PSL não pode ser apartada
Convocada por pessoas preocupadas com os desdobramentos da briga que Jair Bolsonaro trava com o PSL na frente das crianças, a turma do deixa-disso se equipava no final de semana para entrar em ação. Todo brasileiro de bem precisa torcer para que a confusão evolua não para pedidos de calma e sensatez, mas para a fase dos pows!, kapows!, pimbas! e tabefes!.
Uma briga que começa com um presidente exigindo auditoria externa na contabilidade milionária do seu partido e o partido cobrando um pente-fino na escrituração da campanha do presidente é o tipo de confusão que pede para não ser apartada. Há um enorme interesse público por sua continuação e uma grande curiosidade para saber até onde os dois lados permitirão que o melado escorra.
É emocionante assistir à formação das turmas. Bolsonaro arrastou para o seu lado o primogênito e senador Flávio, além de 19 dos 53 deputados do PSL. Entre eles o filho Eduardo. Luciano Bivar, o presidente da legenda, se entende com o resto —inclusive com os líderes na Câmara e no Senado, Delegado Waldir e Major Olímpio.
Espera-se que o hábito do capitão de atirar para todos os lados e a disposição do outro lado de responder à altura ajudem a evitar que a plateia faça papel de boba. No sábado, após testemunhar a vitória do seu Palmeiras sobre o Botafogo, Bolsonaro declarou, no estádio do Pacaembu: "…O PSL ganha R$ 8 milhões por mês. É dinheiro público. E todo mundo tem que saber o que é feito com esse dinheiro. É uma caixa preta".
Dias antes, o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir, indagara: "Como você fala do quintal alheio se o seu quintal está sujo?" Em seguida, afirmara: "As candidaturas em Minas Gerais e Pernambuco estão sendo investigadas. Mas o filho do presidente também".
O deputado referia-se a Flávio Bolsonaro, investigado por suspeita de peculato e levagem de dinheiro. Esticando-se um pouco mais a corda, o delegado Waldir vai acabar aderindo publicamente ao coro da moda: "E o Queiroz?"
Dono do PSL, Luciano Bivar insinua em privado que Bolsonaro cobra "transparência total" nas contas partidárias esquecendo-se de que os diretórios de São Paulo e do Rio são presididos pela sua prole —Eduardo no primeiro; Flávio no outro.
Major Olímpio lamentou que Bolsonaro ainda mantenha no Ministério do Turismo o réu Marcelo Álvaro Antônio. Reiterou que gostaria que o primeiro-filho Flávio deixasse o PSL. E sustentou que o presidente se deixa levar por uma conspiração liderada por Eduardo, o Zero Três. Olímpio insinuou que o Brasil virou uma espécie de monarquia informal. Nela, reina a esculhambação: "Apoiamos o presidente Bolsonaro. Não reconheço no país ainda uma monarquia, uma dinastia, filho príncipe, nada disso. Aliás, o que está desgastando muito o presidente são filhos com mania de príncipes".
Seguiu-se uma troca de socos virtuais num ringue secundário inaugurado no domingo nas redes sociais por Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois. Carluxo, como é conhecido, chamou o Major de "bobo da corte". E foi chamado de "moleque".
Difícil prever o desfecho da briga entre Bolsonaro e o PSL. Mas este, decididamente, não é um caso para a turma do deixa-disso. A essa altura, ou os dois lados declaram que viverão separados até que a morte os junte ou ficará demonstrado que a política é mesmo o território da farsa. Não se deve levá-la a sério, muito menos aos seus atores.
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