Queiroz virou um elefante na sala dos Bolsonaro
O primogênito Flávio Bolsonaro, protegido por uma superblindagem do Supremo Tribunal Federal, percorre os corredores e os gabinetes do Senado como se nada tivesse sido descoberto sobre ele. Imaginou-se que a sobreposição de escudos —um fornecido por Dias Toffoli, outro por Gilmar Mendes— seria suficiente para esconder Fabrício Queiroz. O problema é que Queiroz se move com a sutileza de um elefante. E não há desafio mais ingrato do que esconder um elefante.
A voz do elefante soou num áudio de WhatsApp. Coisa recente, de junho. Nele, Queiroz parece dedicar-se à sua especialidade: a rachadinha. "Tem mais de 500 cargos lá na Câmara e no Senado", declara o elefante. "Pode indicar para qualquer comissão", sem vincular à família Bolsonaro. Expressando-se num idioma parecido com o português, o elefante acrescenta: "Vinte continho pra gente caía bem pra caralho".
O elefante ensina o caminho das pedras: "O gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores…" Basta dizer: "Nomeia fulano aí, para trabalhar contigo aí, salariozinho bom, pra a gente que é pai de família, cai como uma uva." Não há no áudio menção a mérito ou currículo. Fica claro que o salário não iria para o contratado. Cairia "como uma uva" nas mãos de algum "pai de família."
O áudio contém uma notícia boa e outra ruim. A boa notícia é que o Queiroz, que muitos imaginavam estar moribundo, passa muito bem. A má notícia é que a saliência do elefante transforma Flávio Bolsonaro numa espécie de pavio esperando pela autorização do Supremo para virar uma chama. E faz do discurso de Jair Bolsonaro em favor dos bons costumes um palavrório enferrujado.
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