Sem Bolsonaro, Previdência teve um ‘grand finale’
Jair Bolsonaro exibiu nos oito meses de tramitação da reforma da Previdência um comportamento inadequado. Dividiu quando deveria somar. Socorreu sua tribo numa hora em que a prioridade era suprimir privilégios. Quando se imaginava que o presidente da República coroaria a cerimônia de promulgação da reforma com alguma presença de espírito, Bolsonaro ofereceu ao Congresso sua ausência de corpo. Certas pessoas não perdem a oportunidade de perder oportunidades.
Davi Alcolumbre, presidente do Senado e do Congresso, contemporizou. Declarou que a ausência de Bolsonaro é um sinal de que Executivo e Legislativo trabalham "em harmonia, mas em independência, um respeitando o papel do outro". Conversa fiada. A reforma poderia ter sido promulgada há 20 dias. Mas Alcolumbre disse que aguardaria Bolsonaro, que estava no exterior. O presidente retornou em 1º de novembro. E só informou que não iria à promulgação na última hora.
Bolsonaro estava ocupado organizando sua próxima confusão: a criação de um novo partido político. O que deveria ser apenas mais um caso de falta de senso e de educação acabou se transformando numa nova modalidade de arremesso de dinheiro público pela janela. Numa conta feita pelo economista Paulo Tafner, da USP, a decisão de Alcolumbre de retardar a promulgação da reforma custou R$ 601 milhões. Essa é a cifra que o Tesouro teria economizado se a emenda previdenciária tivesse sido promulgada há 20 dias.
Não é difícil entender porque foi necessário esperar até que a economia brasileira evoluísse da fase do fundo do poço para a etapa do poço sem fundo para que o Congresso aprovasse, finalmente, uma reforma previdenciária ampla, com a fixação de idade mínima para a aposentadoria. Deve haver nos subterrâneos da Praça dos Três Poderes uma escola superior que ofereça cursos de pós-graduação em insensatez. Não é possível que certos agentes políticos consigam fazer o pior o melhor que podem sem algum tipo de formação especial.
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