Juíza que enquadrou Lula pode ser enquadrada
O caminho que liga o anonimato à glória é longo e tortuoso. Ao julgar Lula no caso do sítio de Atibaia, a juíza Gabriela Hardt tomou um atalho. Copiou sem ler trechos da sentença de Sergio Moro referente ao caso do tríplex. A magistrada descobre agora que o caminho de volta é bem mais rápido.
Há um ano, quando Lula ameaçou conturbar uma audiência de inquirição, a doutora Hardt enquadrou-o: "Senhor ex-presidente, isso é um interrogatório. Se o senhor começar neste tom comigo a gente vai ter problema." (reveja no vídeo acima). Nesta quarta-feira (27), a magistrada pode ser enquadada pelo TRF-4.
Aquilo que deveria ser uma nova condenação de Lula num tribunal de segunda instância virou uma anulação esperando para acontecer. Num processo apinhado de provas, a juíza serviu-se da técnica juvenil do "copia e cola" sem o cuidado de ler o que estava copiando. Chamou sítio de "apartamento".
Na pior das hipóteses, os desembargadores do TRF-4 anulam a sentença de 12 anos e 11 meses de cadeia que a juíza impôs a Lula. E o processo recomeça do zero.
Na melhor das hipóteses, o TRF-4 atrasa o relógio apenas até a fase das alegações finais. Nessa hipótese, os desembargadores cumpririam ordem do Supremo sobre réus delatados e delatores, oferecendo ao dedurado a oportunidade de falar por último no processo, depois dos dedos-duros.
Em qualquer hipótese, Gabriela Hardt sai de cena menor do que entrou. No momento, seu prestígio cabe numa caixa de fósforos. E ela já não dispõe da possibilidade de retornar ao anonimato pleno. Condenou-se à pena perpétua de frequentar o verbete da enciclopédia como um vexame.
A boa notícia é que a pose de inocente que Lula desfila pela conjuntura continua sendo uma fraude. As provas ainda estão lá, no interior do processo, à espera de que o juiz Luiz Antonio Bonat, substituto de Sergio Moro, elabore uma nova sentença condenatória.
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