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Josias de Souza

PT tritura Vargas para preservar Dilma e Padilha

Josias de Souza

14/04/2014 20h28

Se Deus intimasse o PT a optar entre sua antiga cúpula que cumpre pena no sistema carcerário de Brasília e a humanidade, o partido daria uma resposta instantânea: "Morra a humanidade". O deputado André Vargas (PT-PR) achou que seria beneficiário dessa mesma solidariedade fulminante e incondicional. Descobriu que pertence a um grupo de amigos 100% feito de inimigos.

Após resistir por vários dias, André Vargas renunciará ao mandato de deputado federal nesta terça-feira (15). "Não tem saída", disse ele à repórter Natuza Nery "Vão continuar me sangrando até quando?" Empurrado para fora do palco pelo PT, o deputado ainda poupa a tribo. Atribui a renúncia ao desejo de preservar a família. Lorota.

André Vargas vai da sala de visitas para o quartinho de despejos para evitar que sua sangria política prejudique as candidaturas de Dilma Rousseff no plano federal e de Alexandre Padilha no Estado de São Paulo. Internamente, o PT diferencia Vargas dos mensaleiros.

Alega-se que Vargas achegou-se ao doleiro Alberto Youssef em benefício próprio. E os mensaleiros relacionaram-se com Marcos Valério em missão partidária. É como se uma seita religiosa informasse que não se responsabiliza pelos desvios de conduta de seus pregadores, exceto quando o crime for cometido em benefício da congregação.

Editoria de Arte/Folha

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.