Plano de Aécio faz água no Nordeste e em MG
O jogo de 2014 ainda não está jogado. Porém, se o Datafolha e o Ibope estiverem corretos, já se pode dizer que a candidatura presidencial de Aécio Neves vai subindo, pé ante pé, no telhado.
Na penúltima rodada de pesquisas, os dois institutos apresentam Dilma Rousseff isolada na frente, em patamares acima da margem de erro, que é de dois pontos. No Datafolha, a diferença é de seis pontos. No Ibope, oito pontos.
Considerando-se o planejamento inicial, a campanha de Aécio faz água sobretudo em dois pedaços do mapa brasileiro: na região Nordeste e no Estado de Minas Gerais.
O Nordeste é uma espécie de Waterloo vitalício do tucanato. Ali, Aécio jamais imaginou vencer. Mas esperava que a candidatura do pernambucano Eduardo Campos dividisse o eleitorado da região com Dilma, reduzindo-lhe a supremacia. Nessa suposição, Campos apoiaria Aécio no segundo turno, transferindo-lhe parte de sua votação.
A morte de Campos eliminou o esperado contraponto. E a vantagem de Dilma entre os nordestinos, que já era grande, vai se tornando gigantesca. Em votos válidos, a petista prevalece sobre o tucano por 71% a 29% —notáveis 42 pontos de dianteira. Na semana passada, a diferença era de 37 pontos.
Pois bem. À medida que Dilma cresce no Nordeste, eleva-se o desafio de Aécio no Sudeste. Ali, o tucano não está mal. Mas já esteve muito melhor. Segundo o Datafolha, Aécio degustava uma vantagem de 21 pontos no dia 9 de outubro.
Dilma continua atrás, mas avança mais do que seu antagonista no Sudeste, região que abriga os três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas e Rio. Na última segunda-feira, a vantagem de Aécio despencara para nove pontos. Agora, oscilou para oito: 54% a 46%.
A conta seria outra se a canoa de Aécio não carregasse um dreno em Minas Gerais. Cavalgando duas administrações bem avaliadas, o ex-governador mineiro previa que seus conterrâneos lhe dariam uma votação consagradora.
No primeiro turno, Dilma, também mineira, impôs uma derrota a Aécio no seu quintal eleitoral. O tucanato espera reverter a situação no mata-mata do segundo turno. Porém, estima-se que a diferença roçará a casa de 1 milhão de votos. Longe, muito longe da vantagem de mais de 3 milhões de votos que Aécio esperava obter no seu Estado.
No caso do Nordeste, Aécio ainda pode alegar que seus planos foram conspurcados pela tragédia da queda do avião de Campos, cuja família hoje o apoia. Em Minas, porém, o infortúnio, se vier, será de responsabilidade exclusiva de Aécio.
Dando de barato que os votos dos mineiros cairiam no seu colo por gravidade, Aécio elaborou em cima da perna a estratégia para a disputa do governo mineiro. Escolheu como seu candidato um piano difícil de carregar: Pimenta da Veiga.
Numa campanha em que hesitou em defender o legado do padrinho, Pimenta perdeu no primeiro round para o petista Fernando Pimentel, que franqueou seu palanque a Dilma. E Aécio talvez seja apresentado à evidência de que está sujeito à condição humana também em Minas Gerais. Qualquer resultado que não seja uma lavada parecerá insuficiente.
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