Líder do DEM ironiza: ‘Levy é ortodoxo demais!’
Ao escolher o economista Joaquim Levy para ser o ministro da Fazenda do seu segundo mandato, Dilma Rousseff transformou os congressistas do PT em alvos do deboche da oposição. "Tem petista com febre hoje aqui", alfinetou o líder do DEM, deputado Mendonça Filho, durante a sessão noturna que a Comissão de Orçamento realizou nesta segunda-feira (24).
"A presidente não teve coragem de levar adiante sua política de irresponsabilidade fiscal", prosseguiu Mendonça. "Ela já havia demitido o Guido Mantega. Agora, traz para o lugar dele um ortodoxo de carteirinha. Acho que o futuro ministro da Fazenda é ortodoxo demais para o meu gosto. Mas o PT vai ter que engolir. Os petistas estão arrepiados porque o ajuste vai ser severo. Tudo o que Dilma pregou durante a campanha está sendo desmoralizado pelos fatos."
Vice-líder do DEM, o deputado Ronaldo Caiado (GO), eleito senador em outubro, também tripudiou. Lembrou que Dilma "fez muitas críticas ao sistema financeiro" durante a campanha eleitoral." Empenhou-se em "demonizar o Armínio Fraga", que comandaria a economia se Aécio Neves tivesse prevalecido. "Agora, estão trazendo o Joaquim Levy, do Bradesco, para montar a política econômica que vai resgatar a presidente, para que ela tenha condições de sobreviver."
Mendonça Filho insinuou que a própria Dilma terá de engolir Levy: "Houve uma intervenção do ex-presidente Lula, numa reunião histórica na Granja do Torto, para enquadrar a presidente Dilma. Lula a fez ver que, ou ela recuava na sua economia populista ou ia terminar o seu governo de forma trágica. E a presidente teve que engolir um ortodoxo na Fazenda."
Amigo de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central na Era Lula, Caiado fez uma inconfidência. "O governo Lula só cumpriu metas de superávit porque trouxe de Boston o banqueiro Meirelles para assumir o Banco Central." Nas palavras de Caiado, Meirelles "passou a ser o grande professor" do petista Antonio Palocci, o médico que Lula acomodou no comando da Fazenda.
Caiado escorou suas declarações em comentários que diz ter ouvido do próprio Henrique Meirelles. "Ele me dizia: 'deputado, o Palocci é um médico, mas tem uma capacidade ímpar de absorver os ensinamentos. O Mantega é difícil. Não consigo colocar na cabeça dele o que é a boa prática da política econômica'."
Joaquim Levy integrava a equipe de Palocci. Foi secretário do Tesouro Nacional. Produziu superávits portentosos. "A que ponto chegamos!", exclamou Caiado. "Ninguém no mercado acredita em Dilma ou no governo. E não é a presidente recém-reeleita que vai recuperar a credibilidade. É o Joaquim Levy."
"O PT vai ter que aplaudir o Levy", provocou Caiado. E Mendonça: "Veja a ironia do destino. Dona Dilma vai ter que ser mais ortoxa do que o rei, porque sua política econômica está desmoralizada. Ninguém acredita em mais nada, porque tudo o que é compromisso é descumprido. Se a eleição fosse hoje, o resultado seria diferente. Infelizmente, o quadro é de estelionato eleitoral. Um estelionato gritante."
Embora estivesse apinhada de petistas e aliados, não se ouviu um pio que pudesse ser entendido como contestação às provocações dos 'demos' Caiado e Mendonça.
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