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Josias de Souza

Num eventual 2º turno, PSDB votará em Cunha

Josias de Souza

31/01/2015 05h25

Dirigentes do PSDB avaliam que a confirmação do apoio do tucanato à candidatura de Júlio Delgado (PSB) elevou a chance de a disputa pela presidência da Câmara ser empurrada para um segundo turno. Que deve ser travado entre Eduardo Cunha (PMDB) e Arlindo Chinaglia (PT). Nessa hipótese, os tucanos descarregarão os votos de sua bancada de 54 deputados federais no cesto de Cunha.

Nas palavras de um pragmático do ninho, o voto do segundo round é definido "mais pela rejeição do que pela aprovação." E o PSDB não convive bem com a ideia de ver o petismo novamente no comando da Câmara. Em encontro com Aécio Neves, nesta sexta-feira (30), parte da bancada tucana defendeu a adesão a Cunha já no primeiro turno.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) argumentou que o apoio imediato a Cunha deixaria o PSDB mais bem-posto na distribuição de cadeiras na Mesa diretora da Câmara e nas comissões temáticas. Presidente da legenda, Aécio argumentou que o abandono de Delgado seria um erro político. Foi ecoado pelo senador Cássio Cunha Lima (PB) e pelo deputado Antonio Imbassahy (BA).

A certa altura, Cunha Lima, que deve ser o novo líder do PSDB no Senado, afirmou que o apoio ao candidato do PMDB em troca de poltronas seria visto como "fisiológico". O termo deixou abespinhado o deputado Silvio Torres (SP), aliado incondicional do governador tucano de São Paulo Geraldo Alckmin e simpatizante de Eduardo Cunha. Aécio ponderou que é "estratégica" a aliança com o PSB, partido que o apoiou no segundo turno da disputa presidencial. Mencionou, de resto, o assédio do governo Dilma para atrair o PSB de volta ao condomínio governista.

Após reunir-se com os deputados, Aécio almoçou com senadores tucanos. Durante o repasto, ficou entendido que, no Senado, o PSDB votará no peemedebista Luiz Henrique, não em Renan Calheiros. Algo que será reafirmado em encontro marcado para neste sábado (31). Sob refletores, Aécio referiu-se ao rival de Renan como candidato "competitivo". À sombra, porém, os tucanos reconhecem que Renan ainda é o favorito. Na última sucessão interna, o PSDB comprometera-se em votar no então senador Pedro Taques (PDT-MT). Renan prevaleceu por 56 votos contra 18. Dos 12 senadores tucanos, seis traíram o desafiante Taques, votando em Renan.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.