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Josias de Souza

Cúpula do PT receia ‘efeito Dirceu’ na Lava Jato

Josias de Souza

22/04/2015 05h43

O alto comando do PT está convencido de que a força-tarefa da Operação Lava Jato estoca material para enroscar o ex-ministro petista José Dirceu nas investigações sobre corrupção na Petrobras. Em conversa com advogado que atua no caso, um cacique do petismo declarou que, embora já não tenha dúvidas quanto aos objetivos dos investigadores, o PT ainda não dispõe de uma estratégia para lidar com o que chamou de "efeito Dirceu."

Afora o receio da decretação da prisão de Dirceu, o PT teme que PMDB e PSDB se juntem para aprovar requerimento convocando-o para depor na CPI da Petrobras —exatamente como foi feito com o coletor petista João Vaccari Neto, submetido a uma longa e constrangedora inquirição na Câmara dias antes de ser preso. Condenado no julgamento do mensalão, Dirceu encontra-se em prisão domiciliar.

Por ora, o grande problema do PT é o esgotamento da tática que adota a filosofia dos Mosqueteiros: "um por todos e todos por um". Reunido na semana passada, o diretório nacional do partido divulgou uma resolução que carrega em seu miolo um trecho que expõe a falência desse modelo:

"Não faz parte da nossa história, da nossa tradição democrática, de nossa ética pública e de nossa prática na democracia brasileira a convivência e a conivência com a corrupção. Se algum dirigente ou filiado praticou corrupção não foi em nome dos petistas. E, se comprovadamente algum filiado incorreu em corrupção será expulso."

No escândalo do mensalão a corrupção foi atestada pelo STF, a mais alta Corte do país. E nenhum dos integrantes da bancada da Papuda foi expulso da legenda. Deu-se o oposto. O companheiro Delúbio Soares, único legionário do mensalão que havia sido expurgado dos quadros da legenda, foi readmitido —uma evidência de que a manutenção dos segredos do PT cobra um alto custo à imagem do partido.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.