Lula terá de se candidatar para fazer autodefesa
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O senhor vai ser candidato? Submetido à indagação numa entrevista de rádio, Lula hesitou por um instante: "Olha, eu não sei. É, é, é… Sinceramente, eu não posso dizer que sou nem que não sou." Soou como se lidasse com uma batata quente: "Eu, sinceramente, espero que tenha outras pessoas para serem candidatas." Súbito, caiu-lhe a ficha.
Lula se deu conta de que sua candidatura talvez tenha deixado de ser uma opção: "Uma coisa pode ficar certa. Se a oposição pensa que vai ganhar, que não vai ter disputa e que o PT está acabado, ela pode ficar certa do seguinte: se for necessário, eu vou para a disputa e vou trabalhar para que a oposição não ganhe as eleições."
O morubixaba do petismo terá de levar o nome à urna eletrônica novamente por duas razões singelas: 1) em 2018, o candidato do PT vai à sorte dos votos como favorito a fazer de algum dos adversários o próximo presidente da República. 2) Se Lula não estiver na disputa, vai apanhar indefeso.
Eis o que dirão dele: a ruína moral da era petista fincou raízes nos oito anos em que Lula deu expediente no Planalto. Foi nesse período, com o beneplácito do grande líder, que o mensalão e o petrolão transformaram o PT numa organização criminosa. Dilma revelou-se uma administradora precária, mas foi Lula quem vendeu a empulhação da supergerente.
Tomado pela entrevista radiofônica desta sexta-feira, Lula ainda não conseguiu organizar sua defesa. "Teve gente do PT que errou? Teve. Eu dizia, quando estava na Presidência, que só tem um jeito, neste país, de você não ser molestado por uma investigação, é você ser honesto", afirmou o sábio da tribo petista, deixando claro que ainda não se reconciliou com o próprio espelho.
"Gostaria de ter sabido antes", prosseguiu Lula. "A Polícia Federal não sabia, o Ministério Público não sabia, a direção da Petrobras não sabia. Só se ficou sabendo depois que houve um grampeamento e pegou o Alberto Youssef, que já tinha muitas passagens pela polícia, falando com outros caras."
A Polícia Federal e o Ministério Público ainda dispõem de três anos e meio para dinamitar o lero-lero do "não sabia". Se não conseguirem, restará a Lula contar com a má memória dos brasileiros —um fenômeno que faz com que o passado no Brasil, mesmo que recente, seja esquecido ou reciclado como lixo.
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