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Josias de Souza

Sob caos, PT pede na tevê o fim do pessimismo

Josias de Souza

09/02/2016 05h17

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Nesta terça-feira gorda, o PT leva ao ar comercial de um minuto. "Dizem que o ano começa quando o Carnaval acaba", afirma o locutor na propaganda. "Então, vamos começar trabalhando. Vamos começar botando toda essa energia, essa criatividade e alegria na nossa vida e no nosso trabalho, para o Brasil seguir crescendo. Tá na hora de mudar o enredo. Vamos deixar de lado o pessimismo…"

De fato, se você reparar bem verá que não há motivo para pessimismo. A economia está em ruínas, possibilidade ideal para ser reformulada. E sente-se no ar que o partido de Dilma Rousseff propõe que a presidente passe por uma metamorfose. O PT faz isso com neutralidade e equilíbrio. Anda sempre com uma lata de gasolina na mão direita e o fósforo na esquerda.

Pedir ao brasileiro que trabalhe é fácil. Quem não engrossou as estatísticas do desemprego samba miudinho desde 1º de janeiro. Sem direito a Carnaval. Difícil mesmo é colocar o governo para governar. Quando Dilma foi reeleita, havia duas crises sobre a mesa —a econômica e a ética. Passou-se um ano. Graças à absoluta falta de governo, todos os indicadores econômicos pioraram em 2015. E a lama já roça os sapatos de Lula.

O comercial do PT demonstra que o insucesso subiu à cabeça dos seus dirigentes. A impostura é evidente. Uma legenda que, engolfada pelo caos e por escândalos, depois de 13 anos em que o país foi saqueado pelos esquemas que o acompanham no poder, consegue pedir à nação para "deixar de lado o pessimismo" ou é uma agremiação de cínicos ou de lunáticos.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.