De tanto recuar, Temer ainda desfritará um ovo
As grandes hesitações estão a um milímetro da desmoralização. Tome-se o caso da lipoaspiração ministerial idealizada por Michel Temer. No princípio, a Esplanada emagreceria até caber no formato original projetado por Niemeyer. De 32 pastas, sobrariam apenas 20. Pensando bem, digamos, 22. Talvez 24. Não, não. Impossível! Para acomodar todos os partidos, 30 ministérios. Apenas o presidente do Banco Central e o advogado-geral da União perderiam o título de ministro. E não se falaria mais nisso.
Súbito, Temer acordou às vésperas do afastamento de Dilma decidido a retomar o Plano A. Que diabos, o asfalto roncara por mudanças! Não faria sentido alterar o status sem modificar o quo. A lâmina atingiria dez pastas. Ouviram-se aplausos. Em meio ao lufa-lufa da execução, podaram-se apenas nove ministérios. Entre eles o da Cultura, transformado numa secretaria nacional e pendurado no organograma da Educação. Soaram as vaias e os gritos de "golpista". Servidores públicos foram às lanças junto com artistas e congêneres.
Joelhos dobrados, Temer mandou ao Diário Oficial uma retificação. Como prova do seu apreço às artes, injetou no nome da secretaria o vocábulo "especial". Seria a Secretaria Especial Nacional da Cultura. O alarido não cessou. Os prédios públicos continuaram ocupados. No Rio, Caetano Veloso e Erasmo Carlos cantaram pela causa. E Temer sucumbiu.
Será recriado o Ministério da Cultura, decidiu o interino na noite de sexta-feira. No total, serão agora 24 pastas. Mas cogita-se alterar a medida provisória no Congresso, devolvendo o apelido de ministro e o foro especial do STF aos titulares do Banco Central e da advocacia-geral. Seriam, então, 26 ministérios.
A turma da Cultura ainda não se deu por satisfeita. Mais do que a restituição do ministério, artistas e assemelhados querem o pescoço de Temer, que chamam de "golpista". Para aplacar os ânimos, resta ao presidente interino prometer desfritar um ovo em rede nacional. Com trilha sonora de Caetano e Erasmo.
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