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Josias de Souza

PMDB negou quórum em votação da meta fiscal

Josias de Souza

24/05/2016 16h10

O governo tropeçou no primeiro estágio da tramitação da proposta que altera a meta fiscal de 2016. A Comissão de Orçamento do Congresso não conseguiu votar o projeto que autoriza o governo a fechar o ano com um déficit de R$ 170,5 bilhões em suas contas. Faltou um voto para atingir o quórum mínimo necessário. Líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE) esteve na sala, mas saiu sem dar atenção ao drama do governo. Quer dizer, o partido do presidente interino Michel Temer deixou-o na mão.

Consumado o revés, o Planalto articula a votação do projeto diretamente no plenário do Congresso, o que não é usual. Auxiliares de Temer atribuem os ruídos a uma rusga que envenena as relações de dois caciques do PMDB: o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha. Renan não não suporta a ideia de ver a Comissão de Orçamento comandada pelo deputado Arthur Lira (PP-AL).

Além de ser soldado da tropa de Cunha, o presidente da Comissão de Orçamento é filho do senador Benedito de Lira (PP-AL), um adversário de Renan na política alagoana. Mais cedo, em reunião com os líderes partidários, no Planalto, Temer havia solicitado, o empenho de todos os partidos para aprovar ainda nesta terça-feira o projeto de revisão da meta fiscal. Eunício Oliveira, o líder do PMDB, não compareceu ao encontro do Planalto.

Líderes de legendas que se dispõem a auxiliar a recém-inaugrada gestão Temer estranharam a movimentação do PMDB. Avaliam que, antes de exigir fidelidade dos aliados, o Planalto precisa convencer o PMDB a suar o paletó. A nova oposição, capitaneada pelo PT, participou da reunião da Comissão de Orçamento com a faca entre os dentes.

– Atualização feita às 20h54 desta terça-feira (24): em telefonema ao blog, a assessoria do líder do PMDB informou que Eunício Oliveira negou quórum na Comissão de Orçamento numa articulação deliberada. Alega que fez isso para transpor a obstrução que a oposição promovia na comissão. O líder peemedebista avaliou que seria mais adequado levar a proposta diretamente para o plenário do Congresso Nacional.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.