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Josias de Souza

Troca de Cunha por Rosso agrada ao Planalto

Josias de Souza

26/06/2016 18h31

Oficialmente, o Planalto não se manifesta sobre a sucessão interna da Câmara. Alega que a poltrona de presidente da Casa ainda não está vaga, já que Eduardo Cunha não renunciou nem foi cassado. Em privado, porém, auxiliares do presidente interino Michel Temer começam a sinalizar suas preferências. Submetidos a mais de uma dezena de nomes, mencionam o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) como uma alternativa que atenderia às necessidades do governo. O escolhido terá de completar o mandato de Cunha, que termina no final do ano.

Rosso é visto como representante do grupo de Cunha, autodenominado 'centrão'. Foi por indicação do próprio Cunha que ele presidiu a comissão especial que deflagrou o processo de impeachment na Câmara. O Planalto parece dar de ombros para tais vínculos. Alega-se que Rosso tem desenvoltura própria e que Cunha, com o prestígio em declínio, já não tem como impingir a ninguém a pecha de 'pau mandado'.

Há na Câmara 513 deputados. Excluindo-se Eduardo Cunha, sobram 512. É no mínimo curioso que, entre tantas opções, o governo inicie o jogo flertando com um nome que conta com a simpatia do candidato à cassação. Uma das coisas mais difíceis em política é distinguir um certo homem do homem certo.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.