Alckmin continua sendo chuchu, só que de xepa
Espremido em sabatina, o tucano Geraldo Alckmin exibiu uma retórica feita 50% de evasivas e 50% de mesmices. O resultado da soma das duas partes é um presidenciável 100% incapaz de responder às duas principais demandas do eleitorado em 2018: limpeza e esperança.
O candidato do PSDB ao Planalto foi evasivo ao responder às perguntas sobre o atacadão de corrupção. Saiu-se com mais do mesmo ao prometer reformas ambiciosas sem esmiuçar uma estratégia para colocá-las em pé. Ao contrário, reconheceu que o próximo presidente terá de lidar com um Congresso fragmentado.
Deixando-se de lado a roubalheira comprovada ou sob investigação —que inclui um Azeredo condenado, um Aécio com nove processos, um Serra com arcas suíças, um Paulo Preto com fortuna nas Bahamas e o próprio Alckmin com o cunhado na caixa registradora das campanhas—, sobram as reformas que o candidato diz que fará: política, tributária, do Estado e da Previdência.
Falar é mais fácil do que fazer. FHC e Lula também prometeram reformar a política e o sistema tributário. Cada um passou oito anos no Planalto. Na política, reformaram-se a si mesmos, rendendo-se ao toma-lá-dá-cá. Nos tributos, avançaram sobre o bolso do contribuinte sempre que o caixa do Tesouro ficou vazio. Na Previdência, ambos conseguiram arrancar do Congresso apenas remendos, não reformas.
Na seara ética, Alckmin se esforçou para preservar a pose de limpinho: "Moro no mesmo apartamento. Então, eu me sinto indignado, porque há uma tendência agora no Brasil de defenestrar a política, dizer que é todo mundo igual. Não, não é. Quem enricar com política é ladrão", declarou, antes de soletrar: "L-a-d-r-ã-o". Pode ser um ótimo desabafo. Mas não resolve.
O problema não é a incapacidade da imprensa ou do eleitorado de enxergar moralidade na política. A questão é que os políticos são incapazes de demonstrá-la. Alckmin é presidente nacional do PSDB. Ele deslizou ao tratar das malfeitorias partidárias porque não tem nada de novo a oferecer. Se tivesse, já teria colocado sobre a mesa o pedido de expulsão de Azeredo, um ofício enviando o réu Aécio para o conselho de ética partidário e meio quilo de explicações convincentes sobre sua própria situação.
Adhemar Ribeiro, o cunhado de Alckmin, frequenta dois inquéritos como coletor de verbas sujas carreadas para campanhas do tucano. Instado a dizer algo a respeito, o candidato definiu o irmão de sua mulher assim: "Ele é casado com uma banqueira, dono de financeira, simpatizante do partido, nada mais do que isso. Não tem nenhuma relação com o governo."
Alckmin teria soado mais convincente se dissesse algo assim: "Chamei meu cunhado para uma conversa. Perguntei: que história é essa de que você apanhou, em meu nome, parte dos R$ 10 milhões da Odebrecht e R$ 5 milhões da concessionária CCR? Ele me disse que não pegou. Portanto, se eu não pedi o dinheiro e ele não recolheu, os delatores são mentirosos. Serão processados por mim."
Tomado pelas respostas que ofereceu na sabatina, Alckmin continua sendo o mesmo chuchu de sempre. A diferença é que seu receituário ficou mais aguado e ele perdeu o frescor ético. Virou parte da xepa.
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