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Graças ao prestígio, Moro foi da frigideira à chapa

Josias de Souza

09/12/2019 05h11

Ministro mais popular da Esplanada, Sergio Moro ficou bem-posto na penúltima fotografia tirada pelo Datafolha. Conhecido por 93% dos brasileiros, Moro é aprovado por 53%. Está 23 pontos percentuais acima de Jair Bolsonaro, cuja taxa de aprovação é de míseros 30%. Os dados servem para explicar por que o ministro da Justiça foi retirado da frigideira do Planalto.

Há cinco meses, a orquestra do capitão executava para Moro uma partitura com muitos tambores e poucos violinos. Bolsonaro afastou Roberto Leonel, um pupilo do ministro, do comando do velho Coaf. Ameaçou destituir da direção-geral da Polícia Federal o delegado Mauricio Valeixo.

Em junho, numa das saidinhas do Alvorada, um repórter perguntou ao presidente se confiava em Moro. A resposta soou corrosiva: "Eu não sei das particularidades da vida do Moro. Eu não frequento a casa dele. Ele não frequenta a minha casa… por questão até de local onde moram nossas famílias. Mas, mesmo assim, meu pai dizia para mim: Confie 100% só em mim e minha mãe".

Decorridos cinco meses, a cabeça de Valeixo continua sobre o pescoço. E Moro foi transferido da frigideira do Panalto para a chapa de Bolsonaro na sucessão de 2022. O ex-juiz da Lava Jato ocupa informalmente o posto de opção para a vaga de candidato a vice-presidente da República.

Munido de suas próprias pesquisas, Bolsonaro se deu conta de que o excesso de tambores e a escassez de violinos poderia empurrar Moro não para a vice, mas para a cabeça de uma chapa rival.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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