Em troca do apoio a Serra em SP, o DEM exige a reciprocidade do PSDB em Salvador e Recife
Dono de cobiçados três minutos de tevê, o DEM decidiu injetar na negociação que mantém com o PSDB uma exigência nova: em troca do apoio a José Serra em São Paulo, deseja que o tucanato dê suporte às candidaturas de ACM Neto, em Salvador; e de Mendonça Filho, em Recife.
Em conversa com o blog, o presidente do DEM federal, senador José Agripino Maia (RN), disse considerar a reciprocidade "essencial". Conta com o empenho do próprio Serra e do governador tucano Geraldo Alckmin para dissolver as resistências do PSDB aos candidatos do DEM nas capitais baiana e pernambucana.
De resto, Agripino deseja retomar em São Paulo a discussão sobre a escolha do candidato a vice na chapa tucana. Nas conversas preliminares, mantidas com Alckmin antes de Serra entrar no jogo, ficara entendido que, havendo acordo, o segundo nome da coligação sairia dos quadros do DEM.
Agripino diz estranhar as notícias sobre uma suposta decisão de abrir mão da vice para facilitar a composição com outras legendas. Afirma que isso não lhe foi pedido nem chegou a ser discutido por seu partido. "Se alguém falou sobre isso, não tinha autoridade para fazê-lo."
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Formalmente, o DEM dispõe de candidato à prefeitura paulistana. Lançou Rodrigo Garcia, um deputado federal licenciado que ocupa a secretaria de Desenvolvimento Social do governo Alckmin. Na prática, utiliza a candidatura própria como peça de negociação. Vinha tricotando simultaneamente com PSDB e PMDB.
Sem Serra, seriam maiores as chances de prosperar uma aliança do DEM com o pemedebê Gabriel Chalita, candidato urdido pelo vice-presidente Michel Temer. Com Serra, o mais provável é que a legenda de Agripino se acerte com o PSDB. Mesmo com a presença do desafeto Gilberto Kassab na canoa tucana.
Agripino repete à saciedade algo que, segundo ele, permeou as conversas com Alckmin: "Em São Paulo, nosso objetivo central é chegar a um entendimento que permita derrotar o PT", impedindo que o candidato de Lula, Fernando Haddad, acomode-se na cadeira de prefeito.
As palavras de Agripino soam como uma estocada no presidente do PSD, partido que provocou uma erosão nos quadros do DEM. Antes da subida de Serra no ringue, Kassab trocava afagos com Lula e negociava o apoio ao petê Haddad. Sob vaias, chegou mesmo a participar da festa de 32 anos do PT.
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Por razões diversas, Serra depende tanto do tempo de tevê quanto Haddad e Chalita. Embora seja o nome mais conhecido do eleitorado, Serra é também o mais rejeitado –de acordo com o Datafolha, 33% dos eleitores afirmam que jamais votariam nele para prefeito.
Quer dizer: Haddad e Chalita precisam da vitrine televisiva para fazerem-se conhecidos. Serra, para atenuar a aversão do eleitorado ao pedaço de sua biografia que, por conhecido, é refugado. Atribui-se a aversão de um terço do eleitorado à percepção de que Serra pode abandonar a prefeitura em 2014. Como fez em 2006.
O DEM aproveita-se da conjuntura para dobrar o nariz torcido do tucanato aos seus candidatos noutras praças. Acertou-se com o PSDB em Sergipe, onde empina a candidatura do ex-governador João Alves. Dispõe do apoio do parceiro tradicional também em Fortaleza, cidade em que projeta a candidatura do ex-deputado Moroni Torgan.
As negociações emperraram, porém, em Recife e Salvador. Na capital baiana, o PSDB prefere lançar o tucano Antonio Imbassahy a apoiar o 'demo' ACM Neto. Na capital pernambucana, Sérgio Guerra, presidente do PSDB nacional, patrocina a candidatura de Daniel Coelho, um deputado estadual egresso do PV. E dá de ombros para Mendonça Filho, o nome do DEM.
Quem ouve Agripino fica com a impressão de que ele acomoda a meta de montar em São Paulo uma coligação capaz de deter o PT e a exigência de "reciprocidade" tucana alhures à frente do objetivo de indicar o parceiro de chapa de Serra. Significa dizer: asseguradas as duas preliminares, o DEM pode até abrir mão da vice.
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