Para FHC, disputa em SP não tira Serra de 2014
De passagem por Nova York, Fernando Henrique Cardoso comentou pela primeira vez a entrada de José Serra na disputa pela prefeitura de São Paulo. Acha que a decisão foi boa e serve aos interesses do PSDB e também de Serra. "Dá a chance para o partido ganhar [a eleição] e dá a ele uma revitalização política."
FHC falou ao repórter Gustavo Chacra. Um dos defensores da tese segundo a qual não restava a Serra senão subir ao ringue municipal, ele declarou que a decisão, por acertada, permitirá ao ex-presidenciável tucano "voltar à cena política com força."
Perguntou-se a FHC se o projeto municipal exclui Serra da refrega presidencial de 2014: E ele: "Política é uma coisa muito dinâmica. Tem sempre a cláusula de prudência. Política não é uma coisa em que os horizontes se fecham."
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A declaração tem um quê de diplomacia. Em privado, FHC alinha-se ao grupo que enxerga em Aécio Neves a opção preferencial do PSDB à sucessão de Dilma Rousseff. Critica-o pela inação. Mas já qualificou-o em público de candidato "óbvio".
A pretexto de fazer média com o amigo Serra, FHC termina por conspucar-lhe a estratégia. Um dos grandes desafios de Serra será o de convencer o eleitor paulistano de que, eleito, não abandonará o mandato de prefeito pelo meio, como fez em 2006.
Há dois dias, o aliado Gilberto Kassab (PSD) apressou-se em declarar que Serra abdicara de suas pretensões presidenciais para concentrar-se em São Paulo pelos próximos cinco anos. A manifestação de FHC como que açula a dúvida: será?
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E quanto às prévias? Acha que a presença de Serra esvazia a disputa preliminar interna? FHC refugiou-se atrás de evasivas: "Não estou no Brasil e não acompanhei de perto esta evolução. Quem está coordenando é o governador Geraldo Alckmin."
Depois, soou como se considerasse as prévias desnecessárias: "O peso eleitoral do Serra é de tal magnitude que eu acho que o partido vai se ajustar à realidade política." Recordou-se ao entrevistado que, enquanto o tucanato reveza as mesmas candidaturas em São Paulo –ora Serra ora Alckmin—, o PT de Lula tenta renovar-se com Fernando Haddad.
Não faltam caras novas ao tucanato? Ao responder, FHC referiu-se às prévias tucanas como se já não fizessem parte do calendário:
"As prévias foram uma tentativa nesta direção. Mas quando você tem alguém com a densidade política do Serra, que se disponha a ser candidato a prefeito, do ponto de vista do PSDB há uma importância estratégica, porque existe realmente viabilidade de ganhar São Paulo."
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