Garotinho expõe fotos de Cabral com Cavendish
O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) divulgou em seu blog fotos nas quais o governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio, aparece ao lado de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, empresa investigada no Cachoeiragate. As cenas foram registradas no ano de 2009, em Paris.
Em duas fotos, Cabral e Cavendish parecem simular passos de dança. Numa, o governador agacha-se. Noutra, é o empresário quem se achega ao solo, ao lado de um Cabral às gargalhadas. Dançavam "na boquinha da garrafa", fustigou Garotinho.
Noutro par de fotos, Cavendish aparece em meio a um grupo de pessoas. Entre elas dois secretários da gestão Cabral: Sérgio Côrtes, da Saúde, e Wilson Carlos, titular da Secretaria de Gorverno. Dançavam com guardanapos amarrados ao redor da cabeça.
Na versão de Garotinho, as fotos foram tiradas no Hotel Ritz, uma das hospedarias mais caras de Paris. Cabral diz coisa diversa. Em nota, a assessoria do governador sustenta que ele foi à capital francesa "em missão oficial", nos dias 14 e 15 de setembro de 2009.
O texto anota que Cabral "participou do lançamento do 'Guia Verde Michelin Rio de Janeiro', na Embaixada do Brasil em Paris". Participou também "de encontros de trabalho para a então campanha pela Olimpíada de 2016 no Rio."
De resto, "fez palestra na Câmara de Comércio Brasil-França para investidores franceses" e "recebeu, no dia 14, a condecoração máxima do governo da França: a Légion d'Honneur, no Senado daquele país."
De acordo com a nota, um "barão francês" organizou uma comemoração para celebrar a comenda recebida por Cabral. Chama-se Gerard de Waldner. É "casado com a brasileira Sílvia Amélia de Waldner".
Segundo a assessoria, de Cabral, foram ao "Clube Inglês", a convite do "barão": o governador, secretários de Estado; empresários brasileiros, portugueses e franceses; e o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman.
Mencionam-se na nota os nomes de três empresários –um português, Antonio Pereira Coutinho; e dois franceses, Thierry Peugeot, e Martin Bouygues. O brasileiro Fernando Cavendish não é citado.
Noutra cena parisiense divulgada por Garotinho, o dono da Delta faz pose ladeado por dois secretários de Cabral. À esquerda, Júlio Lopes (Transportes). À direita, Régis Fichtner (Casa Civil). O mesmo Fichtner que, na semana passada, anunciou em entrevista a decisão de Cabral de submeter a uma auditoria os contratos da Delta com o governo do Rio.
Desde o primeiro mandato de Cabral, a Delta firmou com a administração estadual contratos estimados em R$ 1,5 bilhão. A decisão de auditá-los veio nas pegadas das manchetes que acomodaram a empreiteira de Cavendish no epicentro do escândalo Cachoeira.
Inimigo político de Cabral e candidato ao governo do Rio em 2014, Garotinho esforça-se para arrastar Cabral para dentro de um aguaceiro que, por ora, está restrito à região Centro-Oeste, principal área de atuação do pós-bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Cabral e Cavendish são amigos. O país ficou sabendo disso em junho do ano passado, graças a um acidente. Morreram na Bahia, na queda de um helicóptero, a namorada da filho do governador e a mulher do empresário. Dirigiam-se para um resort em Trancoso, onde seria celebrado o aniversário de Cavendish. Cabral e o aniversariante já estavam no resort.
Garotinho alveja Cabral, mas sonega à platéia um dado relevante. Ex-governador, ele ajudou a Delta a expandir seus negócios no Rio. Há nove dias, instado pela reporter Mônica Bergamo a comentar os contratos que obteve na gestão do amigo Cabral, Cavendish declarou:
"Não é justo falarem isso, não é decente. Eu cresci muito mais no governo do Rio antes de ele assumir. Em 2001, 80% da carteira da Delta era do Estado do Rio. Conheci Sergio Cabral há dez anos, por meio das nossas esposas. Eu admiro ele como governante, amigo, pai, filho, irmão. É um puta sujeito."
Acrescentou: "No acidente de helicóptero em que morreram as pessoas que eu mais amo, eu estava com ele [Cabral]. Tá bom. Mas não comecei a estar com ele depois de ser governador. Nós éramos a maior empreiteira do Rio antes do governo Cabral, com Cesar Maia e Garotinho. Eu era chamado o rei do Rio. Hoje a maior é a Odebrecht."
Cavendish será convocado a depor na CPI do Cachoeira, instalada no Congresso na última quarta (25). Garotinho já avisou que estará lá, para inquiri-lo.
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