Roberto Gurgel se diz impedido de depor na CPI
Convidado a depor na CPI do Cachoeira, o procurador-geral da República Roberto Gurgel disse que não vai. Alegou dificuldades jurídicas. Em nota, esclareceu que um depoimento seu "poderá futuramente torná-lo impedido" de atuar nos inquéritos abertosque tratam do caso.
Estiveram com Gurgel o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o relator, Odair Cunha (PT-MG). O chefe do Ministério Público Federal disse a ambos algo que repetiria na nota divulgada na sequência: não sentou em cima da primeira operação (Las Vegas) do Cachoeiragate.
Admite ter recebido o inquérito em 2009. Mas diz ter verificado que "os elementos não eram suficientes para qualquer iniciativa no âmbito do Supremo Tribunal Federal."
Optou, então, "por sobrestar o caso, como estratégia para evitar que fossem reveladas outras investigações relativas a pessoas não detentoras de prerrogativa de foro, inviabilizando seu prosseguimento, que viria a ser formalizado na Operação Monte Carlo."
Abra-se um parêntese. Para que a explicação faça nexo, é preciso que Gurgel esclareça uma dúvida adicional. Diante de um inquérito frágil, o Ministério Público pode tomar um de dois caminhos: ou arquiva a peça ou pede novas diligências.
Está entendido que o procurador-geral não arquivou. Resta saber: ao detector a insuficiência dos dados, em 2009, Gurgel encomendou à PF o aprofundamento das investigações?
Sem essa resposta, continua boiando na atmosfera a versão vendida no Congresso pela turma do PT. Nessa versão, que a Operação Monte Carlo teria teria nascido de uma reação da Polícia Federal à inação de Gurgel. Fehca parêntese.
Em sua nota, Gurgel informa que apenas em 9 de março de 2012 lhe chegou à mesa o resultado da Monte Carlo. "Este material, agora sim, reunia indícios suficientes relacionados a pessoas com prerrogativa de foro [congressistas e governdores]."
Prossegue a nota: "Assim, menos de 20 dias depois, em 27 de março, o procurador-geral da República requereu a instauração de inquérito no STF, anexando tudo o que recebeu nas duas oportunidades (Operações Las Vegas e Monte Carlo)."
A nota não diz, mas àquela altura o caso já ardia nas manchetes. Noticiara-se inclusive a existência da operação anterior –aquela de 2009, que manteve-se estacionada na Procuradoria por três anos.
Como Gurgel recusou o convite para explicar-se no banco da CPI, resta agora saber se os congressistas terão peito para convocá-lo. Ah, sim, Gurgel escreve em sua nota que não se furtará de investigar "quem quer que seja".
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