Ao instalar a Comissão da Verdade, Dilma chora
Dilma Rousseff instalou a Comissão da Verdade. Ao discursar, chorou. Foi às lágrimas ao pronunciar a seguinte frase: "…Merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo sempre, a cada dia."
Vendida como iniciativa de Estado, não de governo, a comissão passará os próximos dois anos buscando no retrovisor papéis, documentos, depoimentos, vestígios que permitam recompor a verdade sobre a violação aos direitos humanos. No papel, o recuo irá até 1946. Na prática, mira-se ciclo da ditadura (1964-1988).
Dilma fez-se rodear de todos os ex-presidentes vivos. Lula, FHC, Sarney… Até Collor, que foi arrancado da Presidência pelo impeachment, deu as caras. No palco, Collor foi acomodado na última cadeira, longe dos demais. Mas estava lá. Antes do início da cerimônia, Dilma recepcionou os convidados ilustres em seu gabinete. O assessor Marco Aurélio Garcia contou:
"O Fernando Henrique foi o primeiro a chegar. Depois o Lula. Depois foi pingando. Um encontro afável e descontraído de pessoas que não se veem há muito tempo. Não teve constrangimento algum quando Collor chegou e ninguém tocou nessa bobagem de CPI, nesses assuntos. Conversaram sobre a doença do Lula, do Sarney."
Os comandantes militares, que tentaram evitar a comissão e ainda hoje torcem o nariz em segredo, também prestigiaram a cerimônia. Não discursaram nem deram entrevistas. Dilma cuidou de fixar as balizas: "A comissão não abriga ressentimento, ódio nem perdão. Ela só é o contrário do esquecimento."
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