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Josias de Souza

PSB decide que terá candidatura própria em SP

Josias de Souza

31/05/2012 07h23

Fernando Haddad, o candidato de Lula à prefeitura de São Paulo, tornou-se protagonista do inimaginável: às portas de junho, o mês das convenções partidárias, comanda uma coligação isenta de coligados. Por ora, o PT não conseguiu agregar à sua caravana um mísero aliado.

O PSB, legenda cobiçada pelo petismo paulistano, decidiu na noite noite passada lançar uma candidatura própria. Participaram do encontro 54 dos 60 titulares do diretório municipal. A decisão foi unânime. Repetindo: não apareceu um único defensor da aliança com Haddad.

Presidente do diretório, o vereador Eliseu Gabriel anunciou: "Decidimos por uma candidatura própria. Ainda estamos conversando com outras siglas, mas em princípio está descartada, sim, a possibilidade de apoiarmos outro candidato no primeiro turno."

Não receia que o governador pernambucano Eduaro Campos, presidente do PSB federal e amigo de Lula, pressione contra a deliberação? "Pressão existe de todos os lados, inclusive da Executiva Nacional", disse Eliseu. "Mas não acredito em uma intervenção em São Paulo não."

De onde retira tanta certeza? "[A intervenção] não é o jeito do PSB de fazer as coisas. As decisões locais são respeitadas pela direção do partido." A ser verdade, a legenda companheira de Eduardo Campos prestará um inestimável serviço à candidatura tucana de José Serra, o principal antagonista de Haddad.

Serra também almejava o apoio do PSB. Uma hipótese que não soaria absurda, já que Márcio França, presidente da legenda no Estado de São Paulo, é secretário de Turismo do governo tucano de Geraldo Alckmin. Mas a simples aversão do PSB a Haddad já está de bom tamanho para o PSDB.

Afora o PSB, Lula esforça-se para prover a Haddad o apoio do PCdoB e do PR. Os comunistas do 'B', velhos aliados do petismo, torcem o nariz. O peérre, desatendido por Dilma Rousseff em Brasília e submetido ao comando do deputado mensaleiro Valdemar Costa Neto em São Paulo, está na bica de fechar com Serra.

Mantido esse diapasão, ou Lula afia a lábia ou logo, logo Haddad será compelido a entoar a velha balada de Antônio Maria: "Ninguém me ama,/Ninguém me quer/Ninguém me chama de meu amor/A vida passa, e eu sem ninguém/E quem me abraça não me quer bem."

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.