Quinta versão: a casa de Perillo foi 'vendida' por R$ 2 mi e não por R$ 1,4 mi, reconhece Garcez
O ex-vereador tucano Wladimir Garcez trouxe à luz uma quinta versão sobre a venda da casa do governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB). Apresentado como intermediário da transação, Garcez agora admite que o imóvel foi comercializado por R$ 2 milhões, não por R$ 1,4 milhões.
Nessa nova versão, a cifra original foi engordada em R$ 600 mil. De acordo com Garcez, R$ 500 mil referem-se aos móveis, que teriam sido vendidos junto com a casa. Os R$ 100 mil restantes corresponderiam à cifra que o ex-vereador afirma ter recebido, a título de corretagem, do suposto comprador, o empresário Walter Paulo.
Preso pela Polícia Federal nas pegadas da Operação Monte Carlo, Garcez manifestou-se por escrito. Procurado pela reportagem do Globo, ele respondeu às perguntas que lhe foram dirigidas por meio do advogado Ney Moura Teles.
Curiosamente, o texto de Garcez foi pedido de volta depois de ter sido repassado ao repórter. É como se o réu pressentisse o cheiro de queimado que a novidade lançaria numa atmosfera já demasiado malcheirosa.
Garcez elevou o valor da casa no dia em que vieram à luz os grampos que captaram conversas suas com o chefe da quadrilha Carlinhos Cachoeira. Essas interceptações telefônicas, conforme já noticiado aqui, revelam que Cachoeira teve participação direta na operação de compra e venda da casa de Perillo.
Num dos grampos, Cachoeira ordena a Garcez que o dinheiro amealhado fosse entregue a Perillo, na sede do governo de Goiás. Os diálogos foram escutados pela PF na véspera da averbação da escritura que transferiu a propriedade do imóvel no cartório.
"Vende esse trem hoje, hein. Pega o dinheiro logo, urgente", diz Cachoeira a Garcez num trecho das conversas. "Fala: É pro governador. Vamos lá pagar ele logo no palácio", completa.
Nos diálogos de Cachoeira e Garcez, mencionam-se as cifras as cifras de R$ 2,25 milhões e R$ 2,3 milhões. Fica entendido que, chegando aos R$ 2 milhões, o negócio deveria ser fechado. Daí o reconhecimento escrito do prisioneiro Garcez de que o martelo foi batido nesse valor.
O diabo é que, em todas as versões anteriores, jamais se havia admitido que o preço do imóvel passara do R$ 1,4 milhão anotado na escritura. Até aqui, as divergências giravam em torno da forma de pagamento e do nome do comprador.
Perillo dissera que vendera a casa para Walter Paulo, dono da Faculdade Padrão, de Goiás. Informara que recebera três cheques. Assinara-os um sobrinho de Cachoeira, mas o governador alegara que não verificara o nome do emitente.
Em depoimento à CPI, Garcêz declarara que a casa fora comprada por ele. Servira-se de empréstimos tomados junto a Cachoeira e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções. Como não conseguira pagar os empréstimos, passara o imóvel adiante.
Noutro depoimento à CPI, Walter Paulo dissera ter adquirido a casa em moeda viva –"pacotinhos de R$ 50 e de R$ 100". Contara que o dinheiro havia sido repassado a Garcez e ao então secretário particular de Perillo, Lúcio Fiúza.
Sintomaticamente, Fiúza foi afastado do cargo que exercia na assessoria de Perillo depois da passagem de Walter Paulo pela CPI do Cachoeira. Nesta terça (12), o próprio governador vai ao banco de depoentes da comissão. A venda da casa é parte da materia prima que vai orientar a inquirição.
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