Greve: professores tacham proposta do governo de ‘farsa’ e acampam em Brasília nesta segunda
A greve dos professores de universidades e institutos tecnológicos federais faz aniversário de dois meses nesta segunda-feira (16). Para marcar a data, os grevistas se juntarão a servidores de outras repartições paralisadas num acampamento na Esplanada dos Ministérios. Coisa prevista para durar até sexta-feira (20).
Tudo isso, três dias depois de o governo ter levado à mesa uma proposta que imaginava suficiente para devolver os professores às salas de aula. Com custo estimado de R$ 3,9 bilhões anuais, combina reajustes salarais parcelados e alterações no plano de carreira dos docentes.
Em texto levado à sua página na internet, o Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica) chama de "farsa" a proposta divulgada na sexta-feira (13) pelos ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Miriam Belchior (Planejamento).
Alega-se que, na reunião com o comando da greve, os ministros apresentaram "uma tabela mal estruturada e de difícil entendimento." Enxergou-se na planilha uma tática para "confundir as bases das entidades sindicais e jogar a população contra o movimento grevista."
Sem rodeios, o sindicato anota: "O governo mentiu, ao anunciar que o reajuste de 45% contempla a categoria." Alega-se que o maior reajuste proposto é menor: 39,54%. E beneficia apenas os professores com doutorado e que trabalham em regime de dedicação exclusiva.
Na entrevista que concederam na sexta, Mercadante e Miriam haviam explicado que chegou-se aos 45% somando-se ao índice um reajuste já concedido pelo governo em março. A manifestação do sindicato deu de ombros para esse esclarecimento.
Informara-se que a elevação dos contracheques ocorreria em três parcelas. O processo começaria já em 2012 e seria concluído em 2014, ainda no mandato de dilma Rousseff. Na versão do sindicato, o reajuste só começará a pingar na conta bancária em julho de 2013.
A segunda parcela, dizem os operadores da greve, virá em maio de 2014. E a terceira apenas em março de 2015. Diz o texto do sindicato: "Deve-se considerar que a última parcela será distribuída em ano posterior à eleição de 2014. Nesta proposta, os salários ficarão congelados nesse período."
Os grevistas alegam, de resto, que farejaram "armadilhas" na proposta do governo. Os ministros haviam anunciado que alteração no plano de carreira dos professores. Em vez de 17 níveis, a carreira passaria a ter 13 estágios. Uma forma de acelerar a ascenção funcional. É lorota, diz o sindicato.
Por quê? Hoje, um docente só pode ser promovido depois de permanecer num determinado nível da carreira por 18 meses. No novo modelo, o professor terá de permanecer num determinado nível por 24 meses. "O tempo para que o docente chegue ao topo da carreira não se alterou", diz a nota do sindicado. Assim, a alegada abreviação no tempo de progressão funcional seria "uma farsa".
O sindicato queixa-se também do fato de o governo não ter contemplado em sua proposta os técnicos-administrativos das universidades e dos institutos tecnológicos federais. Informa-se que só se chegará a um acordo se as duas categorias forem atendidas –os professores e os técnicos.
Os grevistas preparam uma contraproposta. Será apresentada em reunião prevista para ocorrer em 23 de julho –dia em que os alunos terão amargado 67 dias sem aula.
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