Barbosa sinaliza condenação da turma do Rural
O ministro Joaquim Barbosa iniciou na sessão desta quinta (30) a leitura do próximo capítulo do processo do mensalão a ser julgado pelo STF. Trata-se do trecho em que a Procuradoria da República acusa o Banco Rural de simular a concessão de empréstimos ao PT e a duas agências de publicidade de Marcos Valério.
Relator do processo, Barbosa teve de interromper a leitura de sua peça em função do horário. Mas no pedaço já exposto, o ministro não deixou dúvidas quanto às conclusões a que deve chegar. Até aqui, o ministro deu razão à Procuradoria. Disse que os empréstimos, por "simulados", não seriam pagos.
Declarou que as transações são irregulares. Para ocultá-las, o Rural manipulou balanços, deu sumiço em documentos, ignorou os riscos das operações e absteve-se de exigir garantias. Em português direto, Barbosa declarou que os empréstimos "não deveriam ser pagos." Por uma razão singela: "Materialmente, não existiam."
Nesse capítulo, serão julgados quatro ex-gestores do Rural. Entre eles José Roberto Salgado, ex-vice-presidente operacional; e Kátia Rabello, ex-presidente. São acusados de cinco crimes: formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas.
A lógica do fatiamento de Barbosa vai ficando cada vez mais evidente. Primeiro, o relator submeteu ao plenário do STF o julgamento do capítulo que tratou dos contratos firmados por agências de Valério com o Banco do Brasil e a Câmara. Ficou assentado que as arcas clandestinas do mensalão foram bezuntadas com verbas públicas.
Agora, Barbosa submete aos colegas o trecho que trata das operações bancárias supostamente urdidas para dar aparência legal à dinheirama de má origem. Depois, virá o capítulo protagonizado pelos políticos que fizeram fila nos guichês do Rural para sacar as velerianas sujas. Na sequência, o pedaço em que Duda Mendonça e a sócia Zilmar Fernandes aparecem recebendo R$ 10 milhões no estrangeiro…
Só no final vai à bancada o capítulo que cuida do núcleo político da "quadrilha", estrelado por José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Mantidos os rigores iniciais, o STF proferirá muitas condenações antes do grand finale. Os ministros olharão para trás e perguntarão aos seus botões: poderia um esquema dessa magnitude funcionar sem a existência de um chefe? Dessa resposta depende o futuro de José Dirceu.
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