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Josias de Souza

Apoiado por réu, Serra usa mensalão contra PT

Josias de Souza

07/09/2012 16h25

Se o candidato está angustiado, em queda nas pesquisas, encomenda aos marqueteiros cinco mensagens envenenadas e mistura com uma promessa convencional. Fecha os olhos e escolhe uma peça ao acaso para levar ao ar na propaganda da tevê. É o que se chama de roleta-eleitoral.

Nesta sexta (7), pela primeira vez, o candidato tucano José Serra usou o escândalo do mensalão como munição para alvejar o rival petista Fernando Haddad no horário eleitoral. Afirmou o seguinte:

"Não adianta dizer que faz o bem, agindo mal. Eu digo isso por que São Paulo e o Brasil estão vendo o STF julgar o mensalão, mandando para cadeia o jeito nefasto, maléfico de se fazer política."

Beleza. O problema é que Serra carrega em sua coligação o PR. Uma legenda que, em São Paulo, é comandada pelo réu Valdemar Costa Neto. Beneficiário de valerianas de R$ 8 milhões, Valdemar aguarda na fila pela sentença do STF.

O marketing prova: comitês eleitorais também cometem suicídio. Todo mundo sabe que, se a política fosse feita à base de lógica, ia faltar material. Mas convém não exagerar.

Serra talvez devesse aproveitar o feriado do Dia da Pátria para levar à vitrola o samba 'Estatuto da Gafieira'. Foi composto por Billy Blanco em 1953. Ensina: "Moço, olha o vexame/O ambiente exige respeito/Pelos estatutos/Da nossa gafieira/Dance a noite inteira/Mas dance direito…"

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.