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Josias de Souza

Boa notícia: Dilma destina 100% de royalties petrolíferos para investimentos em educação

Josias de Souza

30/11/2012 18h46

Após reunião com Dilma Rousseff, um grupo de ministros foi à sala de imprensa do Planalto para anunciar a decisão sobre o projeto que redistribui os royalties do petróleo. A presidente impôs ao texto aprovado no Congresso um veto parcial. Limitou a nova partilha às futuras jazidas, preservando os contratos de exploração já assinados por Estados como Rio e Espírito Santo. De resto, tomou uma decisão redentora: destinou 100% dos dividendos dos contratos futuros à área da educação.

Coube ao ministro Aloizio Mercadante (Educação) o anúncio da cereja do bolo. "Todos os royalties, a partir das futuras concessões, seja em terra, seja no mar, irão para a educação. Isso envolve todas as prefeituras do Brasil, todos os governos de Estados e a União, porque só a educação vai fazer o Brasil ser uma nação efetivamente desenvolvida."

Além de Mercadante, participaram da entrevista os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais). As deliberações de Dilma estão sujeitas ao referendo do Congresso. Embora não costumem exercer a prerrogativa, deptados e senadores dispõem de poderes constitucionais para derrubar vetos presidenciais.

No caso dos royalties, ao vetar o acesso de Estados sem-óleo aos dividendos de jazidas já licitadas, Dilma atendeu aos interesses dos governadores Sérgio Cabral (Rio) e Renato Casagrande (ES). Hoje, Rio e Espírito Santo concentram 90% da produção petrolífera brasileira. Resta agora saber se os congressistas que representam os outros Estados irão acionar a maioria de que dispõem para vetar o veto de Dilma, restituindo o texto original.

Dilma depende do Congresso também para levar adiante sua pretensão de injetar petróleo no orçamento da educação. A providência não consta do pedaço do projeto que foi sancionado. Anunciou-se que os 100% de royalties para o setor educacional serão materizliados numa medida provisória a ser enviada pelo Planalto ao Legislativo. Ou seja, o governo terá de pegar em lanças para aprovar a MP na Câmara e no Senado.

Dilma tentara incluir a regra no projeto que converteu em lei nesta sexta. Enviara Aloizio Mercadante ao Legislativo para convencer os "aliados". Mas os parlamentares deram de ombros. Com a edição da medida provisória, a batalha recomeça.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.