PMDB formaliza indicação de Renan Calheiros
Terminou o teatro. A bancada do PMDB formalizou a indicação do senador alagoano Renan Calheiros para exercer a presidência do Senado pelos próximos dois anos. A eleição ocorrerá nesta sexta. Cinco anos depois de renunciar ao comando da Casa para não ser cassado, Renan vai à pseudodisputa com um semblante de favorito.
Embora o espetáculo seja muito badalado, fracassa fora do Senado. Mal ensaiado, o público refuga o nome do PMDB. Na internet, um manifesto anti-Renan já dispõe de mais de 265 mil signatários. Dentro do prédio de Niemeyer, porém, Renan é um sucesso. Seu antagonista, Pedro Taques (PDT-MT), recebeu novas adesões. Mas não tem a menor chance vencer.
O iminente retorno de Renan mostra como a opinião pública é ignorante em política. Julga os atores pela higiene de suas biografias quando está provado que sua importância cresce na exata proporção das nódoas que são capazes de colecionar. Na reunião da bancada do seu partido, Renan foi aclamado. Repetindo: foi por unanimidade que o PMDB optou pelo filiado que acaba de ser denunciado no STF pela Procuradoria.
Não é constrangedor? "Em absoluto, o senador Renan não tem nenhuma condenação", disse Valdir Raupp (RO), presidente em exercício do PMDB. "Renan é um líder nato, construiu [o apoio] dentro da bancada e fora dela. Portanto, deve ser eleito amanhã para a presidência do Senado Federal."
Em 2007, quando o acusaram de pagar com verbas de um lobista de empreiteira as despesas de uma ex-amante e sua filha, Renan livrou-se da cassação por um placar apertado: 40 votos a 35. Foi salvo por seis senadores que preferiram se abster na votação. Agora, os operadores de Renan manuseiam uma contabilidade mais doce. Avaliam que ele prevalecerá com alguma coisa entre 58 e 63 votos. Uma evidência de que Parlamentos também cometem suicídio. "Perdemos o poder. Agora, estamos perdendo o pudor", diz Cristovam Buarque (PDT-DF). É, faz sentido.
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