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Josias de Souza

Deputados lacram o esquife da ‘reforma política’

Josias de Souza

10/04/2013 03h43

O que alguns deputados chamavam de reforma política era apenas uma proposta-defunta. Embora morta, falavam dela como se continuasse cheia de vida. Na noite passada, deu-se o previsível. Foram batidos no caixão da morta-viva os últimos pregos. O epitáfio? "Fui sem jamais ter sido."

Sem consenso, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decidira votar a pseudoreforma na base do vai ou racha. Rachou. Tentou-se salvar ao menos a unha do dedo mínimo do defunto –uma emenda que previa a unificação das eleições. Em vez de ir às urnas a cada dois anos, o eleitor elegeria todo mundo –do vereador ao presidente— de uma tacada, a cada quatro anos. Coisa para 2022.

Imaginou-se que, aprovada a unha, o resto viria com o tempo. Pois nem isso passou. O PPS decidiu obstruir a votação. Obteve a adesão instantânea de outras dez legendas. Lacrado o esquife, a reforma política sobrevive apenas como lenda. Tornou-se uma espécie de mula sem cabeça cavalgada por um jóquei cego (veja aqui do que você se livrou). Enquanto a mula vagueia, o Tribunal Superior Eleitoral "legisla" (repare no vídeo abaixo).

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.