Choque de rua curou Dilma de sua políticofobia
Políticos tradicionais costumam ser imunes à doença. Dilma Rousseff contraiu-a ao longo de sua carreira como técnica. Ninguém sabia como chamar o medo dela de fazer política. Vários pavores já haviam sido catalogados: claustrofobia (medo de lugares fechados), acrofobia (medo de altura), ailurofobia (medo de gatos), iatrofobia (medo de médicos)… Mas o medo de estar, por exemplo, rodeado de políticos, num ambiente fechado, ninguém sabia que nome tinha. Até que…
Descobriu-se que a políticofobia (medo de políticos) era uma das neuroses de Dilma. A moléstia parecia incurável. Porém, submetida ao tratamento de choque das ruas, Dilma superou sua neura. A onda de protestos fez dela uma grande compositora. A presidente agora quer compor com todo mundo. Recebeu a rapaziada do Movimento Passe Livre. Foi à mesa com 27 governadores e 26 prefeitos. Trocou um dedo de prosa com o presidente da OAB. Manteve contato com Joaquim Barbosa, do STF. Esteve com ativistas sociais. Sentou-se com os mandachuvas das centrais sindicais.
Nesta quinta, Dilma está recebendo os presidentes e líderes de dez partidos governistas. Na sequência, quer falar com os líderes da oposição. É como se uma ex-Dilma que ninguém supunha existir quisesse tirar em uma semana o atraso dos contatos que Dilma não realizou em dois anos e meio de mandato.
O resultado é tão alvissareiro que Dilma venceu até outro pavor que a dominava sempre que era obrigada a fazer política: a catagelofobia (medo do ridículo). No lugar dos medos velhos, desenvolveram-se na presidente outras neuroses, já dissecadas nos compêndios médicos: a eremofobia (medo de ficar só) e a atiquifobia (medo do fracasso). Dilma era uma presidente sem tempo. A ex-Dilma tem uma agenda mais flexível. Nela cabe todo mundo, de Joaquim Barbosa a Preto Zezé, o presidente da Central Única das Favelas.
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