Blog tira folga para estudar a voz dos gabinetes
O blog estará em "recesso branco" pelas próximas duas semanas. Nada a ver com descanso. O signatário usará esse tempo para se dedicar ao estudo do idioma dos gabinetes. Planalto e o Congresso disseram ter ouvido com nitidez a voz das ruas. A julgar pelo modo como responderam, só há duas hipóteses: ou as autoridades e a rapaziada se desentendem na mesma língua ou os gabinetes se expressam num idioma que o asfalto desconhece.
Os russos criaram a palavra intelligentsia para designar sua elite intelectual. Ao observar os desdobramentos dos protestos do outono brasileiro, o repórter concluiu que, no seu caso, o termo mais adequado seria outro: ignorântsia. Em 15 dias, talvez consiga traduzir a língua dos gabinetes. Até lá, os leitores do blog ficam com o resumo do que dizem as ruas. Sem mencionar as outras 21.674 coisas abomináveis, o ronco denunciou os seguintes crimes contra a paciência alheia:
Orçamento em que o dinheiro sai pelo ladrão; repartições públicas geridas por sujeitos sem nenhum predicado; políticos que se dispõem a dialogar com um povo que acha que eles precisam de interrogatório; problema que se disfarça de solução; gente admirável que atravessa a vida sem fazer nada de admirável; notícia que começa com 'a presidente ficou irritada'; pactos e agendas positivas; a desfaçatez voando de jato da FAB num instante em que a esperança perdeu o bonde; oposição com atores ensaiados às pressas para substituir o espetáculo anterior por outro no qual matam e morrem pelas ideias que ainda não tiveram; culpados inocentes; inocentes culpados; troca de cúmplices apelidada de reforma ministerial; plebiscito pra perguntar ao povo se ele prefere a cruz ou a espada; presidente que diz que a inflação está sob controle quando o trabalhador vê sobrar mês no fim do dinheiro; pessoas que cacarejam e não botam o ovo; presença de espírito na hora em que tudo o que se deseja é a ausência de corpo.
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