TV Senado baniu senadores do ‘horário nobre’
Os senadores descobriram que são muito impopulares também no ambiente de 'trabalho'. A TV Senado, que costumava reprisar à noite os discursos que eles faziam durante o dia, baniu-os do horário nobre. Em vez de disputar audiência com o malvado Félix, de 'Amor à Vida', os senadores agora serão levados ao ar de madrugada. Dividirão as atenções do controle remoto com os pastores evangélicos e os filmes adornados com cenas de violência e de sexo.
Ao saber que seus discursos serão substituídos por uma programação noticiosa, alguns senadores revoltaram-se. "A TV Senado não é uma televisão de variedades. Ela não procura audiência; ela procura transparência", disse em discurso o senador Roberto Requião (PMDB-PR). Ecoaram-no sete colegas. Entre eles Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que tachou a novidade de "retrocesso", e Pedro Taques, que se referiu à troca de horário como "um absurdo".
O festival de reprises de discursos proferidos no Legislativo é um desses programas televisivos que, quando o sujeito sintoniza, não consegue mais desligar. Dorme imediatamente. Na maior parte das vezes, a TV Senado oferece terror visual sem direito a comerciais. Mas há dias em que o plenário produz um ou outro espetáculo que, por divertido, vale a pena ver de novo. Foi o que sucedeu na sessão vespertina desta segunda-feira (12).
Uma característica curiosa da corrupção se observa no Congresso. O corrupto está sempre na outra tribuna. Vice-líder do PSDB, Alvaro Dias (PR) foi ao microfone para comunicar que protocolara, junto com o líder tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), um requerimento pedindo a convocação de João Augusto Henriques. Ex-diretor do BR Distribuidora, João frequentou o noticiário do final de semana associado a uma denúncia sobre propinas cobradas na Petrobras em favor de políticos do PMDB e do caixa de campanha de Dilma Rousseff em 2010.
Alvaro fustigou: "Se estas denúncias forem confirmadas, o mensalão está mais presente do que nunca na administração federal, como consequência deste sistema promíscuo instalado em Brasília há 12 anos. Um esquema com o objetivo de cooptar forças políticas, especialmente partidos, para consolidar uma ampla base de apoio ao governo do PT."
Vice-líder do PT, o senador Humberto Costa (PE) não se conteve. Achegando-se ao microfone, pediu um aparte ao tucano e despejou sobre sobre o tapete azul do Senado o propinoduto dos trens e do metrô de São Paulo, Estado governado por tucanos há quase duas décadas. Irônico, Humberto sugeriu a Alvaro que convocasse também o ex-presidente da Siemens Brasil, Adilson Primo. Ele "sabe muitas coisas sobre escândalo que supostamente envolveria empresas multinacionais e agentes públicos do governo de São Paulo", disse.
O festival de lama tucano-petista foi bem mais interessante do que a cena em que Bruno contou para Paloma ter achado a Paulinha na caçamba de lixo. A novela da vida real não merece ser confinada pela TV Senado nas madrugadas. Se a plateia tiver sorte, tucanos e petistas levarão suas desavenças às últimas inconsequências.
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