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Josias de Souza

Aécio: trocaria 19 ministérios por uma secretaria

Josias de Souza

30/09/2013 15h15

Aécio Neves discursou para empresários num evento realizado em São Paulo nesta segunda (30). Disse que, "num eventual governo do PSDB", reduziria os atuais 39 ministérios de Dilma Rousseff para 20 ou 21. "Trocaria metade dos ministérios por uma secretaria de desburocratização, que simplifique o setor de negócios e estimule os que querem empreender mais."

A nova secretaria receberia uma missão a ser cumprida em prazo pré-determinado: "Acho que é possível, sim, termos um processo de simplificação tributária, inspirado no que aconteceu para pequenas e micro empresas. Nossa disposição é apresentar em 12 meses um conjunto de medidas para facilitação e simplificação do ambiente de negócios."

Num instante em que Dilma tem dificuldades para fazer deslanchar o seu programa de concessões à iniciativa privada, Aécio modulou o discurso na frequência dos ouvidos dos executivos que o escutavam: "Só vamos retomar o rumo quando o setor público compreender que o setor privado não é um inimigo a ser combatido, é um parceiro essencial para alavancar investimentos."

Aécio ironizou declarações feitas por Dilma Rousseff a investidores estrangeiros nos EUA. Tachou de "incrível e absolutamente fora de propósito" o fato de a presidente ter assegurado que "o Brasil respeita contratos." Recordou que a promessa de respeitar contratos "estava na carta ao povo brasileiro", documento firmado por Lula na campanha presidencial de 2002.

Criticou também comentários de Lula sobre o julgamento do mensalão. O ex-presidente disse que, hoje, seria "mais criterioso" ao indicar ministros para o STF. E Aécio: "Fico imaginando o critério que ele utilizou para nomear os diretores das agências reguladoras e os assessores do Palácio do Planalto. Isso explica boa parte dos desencontros que o governo do PT vem tendo ao longo dos anos."

A certa altura, Aécio deixou à mostra o calcanhar de vidro do tucanato. Falou da demora na punição do escândalo alheio. E os repórteres o questionaram sobre a encrenca análoga do PSDB de Minas. "Hoje há no Brasil um sentimento de impunidade. Essa talvez seja a herança mais perversa do governo do PT", disse, antes de realçar que a aceitação dos embargos infringentes "agrava essa sensação".

E o mensalão de Minas? Bem, "deve ser julgado e deve ser punido, mas é um caso que eu conheço muito pouco." Curioso que um candidato à Presidência insinue tamanha falta de curiosidade. Não há de ser por falta de informação.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.