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Josias de Souza

Mensaleiros foram algemados em avião da PF

Josias de Souza

18/11/2013 03h36

Os nove condenados do mensalão transportados em avião da Polícia Federal de São Paulo e Belo Horizonte voaram até Brasília algemados. Entre eles José Dirceu, José Genoino e Marcos Valério. Acomodados em assentos rentes às janelas da aeronave, os passageiros viajaram com agentes da PF nas poltronas ao lado. Proibiram-se as conversas no interior do avião.

Signatário dos mandados de prisão, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, anotou nos documentos que os presos deveriam ser tratados com "absoluta urbanidade", observando-se os seus direitos constitucionais. Não fez menção às algemas. Segundo notícia veiculada no programa Fantástico, da TV Globo, a PF atribuiu o uso das algemas a uma regra de segurança.

Os nove prisioneiros chegaram à Capital federal no sábado (16). Embarcados num microônibus, foram conduzidos ao complexo penitenciário da Papuda. Ali, juntaram-se aos dois condenados que se entregaram em Brasília: os ex-tesoureiros Delúbio Soares, do PT, e Jacinto Lamas, do ex-PL, hoje PR.

Como não há ala feminina na Papuda, as duas mulheres do grupo –Katia Rabelo, ex-presidente do Banco Rural; e Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Marcos Valério—passaram a noite na superintendência da PF em Brasília.

Os homens foram divididos em duas celas, uma com cinco presos e outra com quatro. Tomam banho frio e comem com colheres de plástico. Cada xadrez tem 6 m² e está equipado com uma pia, um cano com água fria que faz as vezes de chuveiro e uma instalação metálica rente ao chão com um buraco que substitui a privada.

Só na madrugada de domingo a Vara de Execuções Penais de Brasília recebeu do STF a papelada que detalha a situação de cada preso, informando em que regime deve ser albergado, no fechado ou no semiaberto, que dá direito a sair durante o dia para trabalhar. Ainda nesta segunda, vai-se saber onde cada condenado cumprirá pena.

Os advogados reivindicam a devolução dos seus clientes aos Estados de origem, para que cumpra suas penas perto dos parentes. A pressão arterial de José Genoino, recém-saído de uma cirurgia cardíaca, subiu além da conta. Um médico particular foi acionado para prestar-lhe atendimento. Medicou-o. Seus advogados peticionaram a Barbosa para que transfira Genoino do regime semiaberto para uma prisão domiciliar. A petição deve ser deferida.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.