Campos romperá o acordo com Aécio em Minas
Eduardo Campos informou a correligionários que o PSB vai mesmo lançar um candidato próprio ao governo de Minas Gerais. Com isso, ele romperá acordo que firmara num encontro em sua casa, em Recife, com o presidenciável tucano Aécio Neves. Eles haviam combinado que um apoiaria o candidato do outro nos seus respectivos Estados.
O tucanato já farejou os sinais de mudança de rota. Mas ainda não recebeu nenhuma comunicação formal. Atribui o movimento à influência de Marina Silva. De fato, a vice de Campos prefere candidatos próprios nas maiores praças. Em Minas, porém, o PSB lançará o deputado Júlio Delgado, não Apolo Heringer, da Rede, como preferia Marina.
Campos está ciente de que, em retaliação, o PSDB pode anunciar a candidatura do deputado estadual Daniel Coelho ao governo de Pernambuco. Chegou mesmo a encomendar uma pesquisa para aferir os danos. Verificou que, hoje, Daniel roubaria mais votos de Armando Monteiro (PTB) do que do seu candidato, Paulo Câmara (PSB).
O resultado pode ser enganoso. Paulo Câmara ainda é desconhecido do eleitorado. Armando, um senador, e Daniel, recém-saído de uma disputa municipal em que pulou da condição de azarão para um surpreendente segundo lugar em Recife, são ultraconhecidos. Nesse contexto, Câmara não poderia perder eleitores que ainda nem o conhecem.
Ao desembarcar da candidatura de Pimenta da Veiga, o tucano que Aécio tenta eleger em Minas, Campos forçará o PSB a executar movimentos radicais. A legenda é aliada do PSDB no Estado desde 2002, quando Aécio tornou-se governador.
Hoje, os quatro deputados estaduais do PSB integram o bloco de apoio ao governo do PSDB na Assembleia Legislativa mineira. O partido ocupa duas secretarias na gestão tucana: a de Educação, com Ana Lúcia Gazzola; e a de Esporte e Turismo, comandada por Tiago Lacerda, filho do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB). O próprio Lacerda, eleito e reeleito com o apoio de Aécio, talvez tenha dificuldade de se opor ao PSDB.
Em privado, Aécio diz não acreditar no rompimento do acordo que celebrou com Campos. Em política, afirma, a quebra de compromissos é algo gravíssimo. Realça que o gesto levaria o PSB a um isolamento em Minas, com o risco de não eleger nem mesmo um deputado federal.
Operadores de Campos dizem que, em nome do projeto nacional, vale a pena correr o risco. Alegam que uma candidatura própria dará a Campos uma visibilidade que ele não teria em Minas se o PSB continuar vinculado ao palanque tucano de Pimenta da Veiga, 100% dedicado ao projeto presidencial de Aécio.
De resto, o PSB trabalha com a hipótese de que o PSDB não cumpra a ameaça de lançar um candidato em Pernambuco. Mantendo-se na coligação de Paulo Câmara, o tucanato pernambucano tem a perspectiva de eleger três deputados federais, entre eles Daniel Coelho. Rompendo, pode não eleger ninguém.
Egresso do PV, Daniel é cristão novo no PSDB. Hoje, está integralmente dedicado à sua pré-campanha de deputado federal. Mas avisou aos correligionários que não hesitará em disputar o governo de Pernambuco se Aécio pedir. Ele se declara "100% engajado no projeto nacional de Aécio."
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