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Josias de Souza

Tucanos tentam obter ‘neutralidade’ de PP e PR

Josias de Souza

24/06/2014 03h15

A seis dias do encerramento do prazo legal das convenções partidárias, o PSDB realiza uma espécie de arrastão no conglomerado governista. Tenta empurrar para fora do bloco pró Dilma Rousseff o PP e o PR. O tucanato já não tem esperanças de obter o apoio à candidatura presidencial de Aécio Neves. Mas não desistiu de arrancar das duas legendas um compromisso de "neutralidade".

Prosperando a articulação, PP e PR não apoiariam nenhum candidato no plano federal. E o tempo de propaganda de ambos no rádio e na tevê —pouco mais de 2 minutos— seria rateado entre todos os presidenciáveis, em vez de ser integralmente cedido a Dilma. O problema é que os tucanos não jogam sozinhos.

O Planalto farejou o cheiro de queimado. E colocou em campo seus melhores zagueiros. Joga-se um jogo parecido com o futebol. Só que canelada conta ponto a favor. E o 'bicho' transita por baixo da mesa, podendo ser reajustado com a partida ainda em andamento. O governo avalia que dispõe de milhões de argumentos.

O PP realiza sua convenção nesta quarta. Seu presidente, o piauiense Ciro Nogueira, faz tabela com Dilma. Os principais trunfos de Aécio são os diretórios de Minas, do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. A convenção do PR já ocorreu. Mas decidiu apenas delegar à Executiva a atribuição de escolher a cor do uniforme que irá vestir na disputa presidencial.

Além de segurar PP e PR, o Planalto move-se para reverter a trajetória da bola que o PTB lançou nas costas de Dilma no último sábado. Presidente da legenda, o ex-deputado Benito Gama anunciou em nota que o PTB e seus cerca de 40 segundos de propaganda migraram para Aécio. Em lances subterrâneos, o Planalto faz ver à bancada de congressistas do suposto ex-aliado que o gol contra pode resultar em prejuízos incalculáveis. Submetidos ao jogo bruto, deputados do PTB dobram os joelhos.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.